Jornal Estado de Minas

Emirados e Israel aguardam ansiosos benefícios econômicos de normalização

Atingidas pela pandemia de COVID-19, as economias dos Emirados Árabes Unidos e de Israel esperam que a normalização de suas relações dê frutos rapidamente, especialmente para o Estado hebreu, que teria acesso legal e sem precedentes ao rico país do Golfo.





Os Emirados Árabes Unidos, ricos em petróleo e com ambições espaciais e tecnológicas, são o primeiro país do Golfo a normalizar suas relações com Israel, por meio de um acordo "histórico" anunciado em 13 de agosto, mediado pelos Estados Unidos e que deverá ser assinado em três semanas.

Antes dos Emirados, outros dois países árabes normalizaram as relações com o Estado hebreu: Egito e Jordânia.

"Israel e os Emirados devem se beneficiar enormemente com esse novo relacionamento", criticado pelos palestinos, disse Ellen R. Wald, chefe de pesquisa do Atlantic Council Global Energy Center.

Israel pode estar interessado nos recursos de hidrocarbonetos dos Emirados, enquanto os Emirados podem investir nos setores de turismo e alta tecnologia do Estado hebreu.

- "Cliente faminto" -

Por conta da epidemia de coronavírus, o PIB de Dubai, que tem a economia mais diversificada do Golfo, contraiu 3,5% no primeiro trimestre de 2020, após dois anos de crescimento modesto.





A companhia aérea Emirates, a maior do Oriente Médio, foi forçada a reduzir sua rede e cortar milhares de empregos.

Em Israel, as perspectivas também não são muito animadoras. Após anos de crescimento, o Estado hebreu enfrenta uma das piores crises econômicas de sua história, e seu PIB deve cair 6,2% este ano, segundo dados oficiais. No entanto, a normalização pode ajudar a alterar essa equação.

"Israel se beneficiará enormemente com a compra de petróleo dos Emirados e tirará proveito de um cliente faminto" desta fonte de energia, explicou Wald.

Israel quer atrair investimentos no setor de turismo, especialmente na cidade costeira de Tel Aviv, e receber visitantes muçulmanos em Jerusalém.

Milhões de israelenses viajam para o exterior todos os anos, mas principalmente para a Europa e América, e muito raramente para o leste, mas isso também pode mudar.

Em Haifa, grande porto do norte de Israel, a agência de viagens Mirage Tours já anuncia Dubai como destino com a menção "em breve".





"Recebo muitos telefonemas , muitos judeus me pedem lugar para o primeiro voo, quando houver", disse à AFP o diretor da agência, George Muhashim, lembrando que muitos clientes sonham em viajar para os Emirados.

- "Conhecimentos" -

Os setores da indústria cibernética, de tecnologia financeira e de comunicações, de pesquisa biomédica e de agronomia também podem se beneficiar com o negócio, segundo as autoridades israelenses, que mantêm relações informais com potências do Golfo há anos.

"Os Emirados admiram o avanço e o conhecimento israelense nos setores cibernético e de alta tecnologia e quer ter acesso a isso em primeira mão", disse Ciznia Bianco, chefe de pesquisa sobre Europa e Golfo do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Nos últimos 20 anos, o Ministério das Relações Exteriores de Israel "ajudou mais de 500 empresas israelenses que queriam negociar com os países do Golfo, o que gerou milhões de dólares em contratos", enfatizou uma fonte oficial em Jerusalém.

Entretanto, "tudo isso funcionava de forma privada, havia muitas limitações para fazer negócios", explicou o israelense Erel Margalit, chefe da JVP Capital, uma empresa de investimentos especializada em inovação e segurança cibernética.

"Agora tudo isso passa a ser autorizado. Teremos relacionamentos mais diretos e as coisas vão andar mais rápido", disse Margalit à AFP.