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Estado de Minas

O que fazer com Belarus? O dilema inesperado de Putin


19/08/2020 11:31

Os protestos em Belarus e o enfraquecimento do poder de seu presidente Alexander Lukashenko confrontam Vladimir Putin a um cálculo complexo sobre a estratégia a ser adotada diante de um movimento que não é antirrusso e em um momento em que a própria Rússia atravessa uma fase política delicada.

"Os russos não têm certeza de que caminho seguir", afirma Gustav Gressel, do think tank europeu ECFR. "Eles chegaram à conclusão de que Lukashenko representa sem dúvida um beco sem saída, mas seria constrangedor para eles se a crise fosse resolvida nas ruas. Devem, portanto, implementar um processo sobre o qual tenham controle".

Os protestos não têm atualmente a conotação antirrussa daqueles que derrubaram o governo pró-russo em Kiev em 2014, pressionando Moscou a invadir a península da Crimeia em nome da defesa das populações de língua russa da Ucrânia e para apoiar os separatistas pró-russos no leste do país.

Este é um elemento-chave que leva os analistas a não privilegiar um cenário ucraniano. "A situação é totalmente diferente", diz Anna Maria Dyner, analista do Instituto Polonês de Assuntos Internacionais (PISM).

Além disso, a situação também é diferente na Rússia, onde Vladimir Putin enfrenta protestos no Extremo Oriente russo, perto da China, após a prisão de um governador regional no mês passado.

Por enquanto, Moscou tem reagido com moderação a essas manifestações, durante as quais são entoados slogans hostis ao Kremlin.

Em Belarus, o russo é falado em todo o país, "não há sentimento antirrusso na sociedade e a Rússia quer que isso continue", diz Dyner.

E "Lukashenko também não é considerado santo no Kremlin", lembra Gressel.

"Mesmo sob Lukashencko, Putin não conseguiu o que queria em Belarus", acrescenta o analista britânico Nigel Gould-Davies. Os russos "não estão mais casados com Lukashenko, estão tateando, mas não são nada passivos".

- Uma transição -

Eles estão desconfiados porque "se as multidões começarem a ver Putin como um apoiador de Lukashenko, os slogans antirrussos podem começar a florescer", sublinha Stephen Sestanovich, do think tank americano Council on Foreign Relations.

Portanto, Moscou "está procurando uma solução", acredita Gressel. "Lukashenko é alguém que pode ser substituído sem que o Kremlin perca muito prestígio".

Lukashenko e Putin conversaram por telefone várias vezes na semana passada, o primeiro alegando que o segundo havia lhe prometido "ajuda de segurança".

Stephen Sestanovich observa que a Rússia tem boas relações com as elites de Minsk, onde existe um consenso para manter boas relações com o vizinho poderoso.

"As conexões e as atitudes favoráveis oferecem a Putin vários caminhos para encontrar uma transição sem Lukashenko", sendo o movimento de protesto multifacetado e sem um líder claro.

Uma de suas figuras, Svetlana Tikhanovskaya, exilou-se na Lituânia, de onde tenta unificar o descontentamento que ressoa em todas as camadas da sociedade bielorrussa.

Mas, apesar de tudo, nada pode ser excluído, dizem os analistas, incluindo o uso da força.

"Tenho certeza de que a Rússia está pronta para todas as opções, incluindo a opção militar, mesmo que seja extremamente cara para ela", afirma Dyner.


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