As conversas previstas para o sábado entre os Estados Unidos e China sobre a primeira fase do acordo assinado com grande alarde em janeiro, que deveria marcar uma trégua na guerra comercial, foram adiadas em meio à crescente tensão entre os países, segundo a imprensa americana.
As duas potências deveriam avaliar o cumprimento do histórico acordo firmado após dois anos de guerra comercial, e abordar a compra de produtos americanos pela China, um compromisso afetado principalmente pela pandemia.
O encontro - exatamente sete meses depois da assinatura da primeira fase do acordo - estava previsto em seu cronograma, segundo Chad Bown, pesquisador do Peterson Institute for International Economics (PIIE).
A China se comprometeu a comprar cerca de 200 bilhões de dólares em produtos americanos em dois anos (automóveis, máquinas industriais, metais, cereais, algodão, carnes, petróleo, serviços financeiros) para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos, conforme exigido pelo presidente Donald Trump.
Porém, no final de junho, apenas 46% das compras esperadas até aquele período tinham ocorrido, segundo dados do PIIE.
- TikTok, Hong Kong... -
O acordo assinado em janeiro também continha cláusulas relativas à proteção da propriedade intelectual e às condições de transferência de tecnologia.
Esse acordo, chamado "phase I", abriria caminho para um "phase II", sinônimo de intercâmbio comercial ainda maior entre os dois países.
Mas a pandemia de COVID-19, que Trump chama de "vírus chinês", desacelerou brutalmente o comércio internacional e abriu novas frentes entre os dois países.
A rede social TikTok, da chinesa ByteDance, é acusada pelo presidente americano de ser utilizada pelos serviços de inteligência chineses para espionar os cidadãos americanos. Donald Trump ameaça tornar o aplicativo inacessível nos Estados Unidos.
A situação em Hong Kong, território autônomo sobre o qual a China quer retomar o controle, também é um ponto de tensão.
No último episódio, Donald Trump garantiu na quinta-feira que Hong Kong "nunca será capaz de prosperar" sob o controle da China e previu "uma descida ao inferno" para seus mercados financeiros.
A reunião dessa sexta-feira deveria contar com os negociadores dos dois países, o representante comercial americano Robert Lighthizer e o negociador chinês Liu He, vice-primeiro-ministro, segundo fontes citadas pela mídia americana.
Lighthizer disse em junho que a China cumpriria seus compromissos à medida que Washington pensava em um segundo acordo, mas no mesmo mês um integrante do Conselho de Estado chinês afirmou que a pandemia tinha resultado em um "impacto" no acordo e que as relações entre ambos países são "muito insatisfatórias".
Em junho, o déficit comercial americano somente para compras de bens (sem contar serviços) com a China foi de US$ 28,4 bilhões.
As importações chinesas despencaram em fevereiro e março, quando fábricas fecharam na tentativa de conter a disseminação da COVID-19. Desde então, voltaram a subir.