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Estado de Minas

Revolta ganha terreno em Belarus com greves e protestos


14/08/2020 10:31

A candidata de oposição à presidência de Belarus pediu, nesta sexta-feira (14), "manifestações pacíficas" no fim de semana, enquanto as greves nas fábricas se multiplicam, sinalizando o crescimento da revolta contra o presidente Alexander Lukashenko, apesar da repressão brutal.

Paralelamente, a União Europeia discute sanções contra o governo bielorrusso por violações dos direitos humanos, depois de testemunhos de tortura contra manifestantes detidos.

A opositora Svetlana Tikhanovskaya, que se refugiou na Lituânia no início da semana, manifestou-se pela primeira vez desde terça-feira para convocar, por meio de um vídeo online, manifestações "pacíficas" em todo o país.

"Peço a todos os prefeitos que organizem manifestações pacíficas em todas as cidades nos dias 15 e 16 de agosto", declarou a novata política de 37 anos, cuja candidatura gerou uma onda de fervor na ex-república soviética.

Svetlana considerou a situação "crítica" e exortou "ao governo que pare a repressão e passe ao diálogo". "Os bielorrussos nunca mais vão querer viver sob [este] poder", insistiu.

Nesta sexta-feira, centenas de trabalhadores em fábricas de tratores e automóveis de Minsk deixaram seus postos para denunciar a repressão brutal das manifestações contra a questionada reeleição de Lukashenko.

Os trabalhadores se reuniram nos pátios das fábricas de MTZ (tratores) e MAZ (veículos), segundo jornalistas da AFP.

Lukashenko, no poder há 26 anos, alertou contra tais ações, "pão abençoado para a competição estrangeira".

Confrontadas desde quinta-feira a milhares de pessoas vestidas de branco e com flores nas mãos formando correntes humanas, as autoridades bielorrussas deram passos atrás.

Os protestos contra a vitória de Lukashenko, que oficialmente recebeu 80% dos votos, numa eleição considerada fraudulenta pelos manifestantes, foram reprimidos com violência pelas forças da ordem, com saldo de dois mortos, dezenas de feridos e pelo menos 6.700 presos.

- Torturas na prisão -

Desde quinta-feira, as autoridades anunciaram que libertaram mais de 2.000 manifestantes.

Privados de água, comida e sono durante a detenção, torturados com eletricidade e queimados com cigarros, os manifestantes foram trancados em celas para quatro ou seis pessoas, segundo depoimentos de vários deles à AFP.

"Eles me bateram com força na cabeça (...), minhas costas estão cheias de hematomas por golpes de cassetete", disse Maxim Dovjenko, de 25 anos, que garantiu que nem mesmo havia participado das manifestações, mas estava no local dos acontecimentos no momento da repressão policial.

Mikhail Shernenkov, um empresário de 43 anos, mostrou suas nádegas completamente roxas e disse à AFP que havia sido torturado com eletricidade e espancado com cassetetes.

A ONG Anistia Internacional afirmou na quinta-feira que tinha conhecimento de casos de manifestantes "nus, espancados e ameaçados de estupro" durante sua prisão.

A libertação de manifestantes, especialmente da prisão de Okreskina em Minsk, levou a emocionantes cenas de reencontro na quinta-feira à noite. Muitos dos que recuperaram a liberdade tinham o rosto contorcido e não queriam falar.

- "Um novo presidente" -

Na noite de quinta-feira, dezenas de milhares de pessoas se reuniram em diferentes partes de Minsk e em pelo menos seis outras cidades, sem intervenção da polícia.

"Precisamos de um novo presidente", diziam as faixas dos manifestantes na capital.

Muitos deles faziam o "V" da vitória, de acordo com um fotógrafo da AFP.

Mais de 1.000 investigadores bielorrussos assinaram uma carta "contra a violência" e equipes médicas se reuniram em frente às suas instalações. Artistas da Filarmônica de Minsk cantaram canções patrióticas na porta do prédio que os abriga.

As autoridades bielorrussas confirmaram a morte de um detido e de um manifestante em Minsk.

Também reconheceram um incidente com arma de fogo na terça-feira, que terminou com um ferido.

Cem policiais ficaram feridos, dos quais 28 estão hospitalizados. Nenhum saldo oficial foi fornecido sobre os manifestantes.

Durante a semana, Estados Unidos e União Europeia denunciaram que as eleições foram fraudulentas e condenaram a repressão. Os europeus consideram impor sanções a Minsk.

Os chanceleres da UE realizam uma reunião extraordinária nesta sexta-feira para discutir possíveis sanções contra o governo.

A Alemanha e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestaram o seu apoio a medidas deste tipo.

O ministro das Relações Exteriores de Belarus, Vladimir Makei, garantiu que seu país está pronto para "um diálogo construtivo e objetivo com seus parceiros estrangeiros sobre todas as questões relacionadas ao desenvolvimento dos eventos".

A Rússia, por sua vez, denunciou na quinta-feira "tentativas do exterior de dividir a sociedade e desestabilizar" seu vizinho.

Lukashenko, de 65 anos, nunca deixou a oposição, que carece de representação no parlamento, ganhar espaço. A última onda de protestos, em 2010, também foi severamente reprimida.


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