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Estado de Minas

Principal rival do presidente de Belarus se refugia na Lituânia


11/08/2020 10:37

A opositora Svetlana Tikhanovskaya, rival na eleição presidencial do autoritário chefe de Estado de Belarus, Alexander Lukashenko, se refugiou nesta terça-feira (11) na Lituânia após a segunda noite de protestos contra o regime, violentamente reprimidas e que terminaram com um morto.

Em um vídeo realizado sob pressão, de acordo com seus partidários, ela pediu a seus compatriotas que não protestem.

Divulgado na conta Telegram da agência estatal bielorrussa Belta, as imagens sem data que parecem ter sido gravadas em um escritório mostram a opositora de 37 anos lendo uma declaração em uma voz monótona pedindo "respeito pela lei".

Os seus aliados imediatamente consideraram que este vídeo tinha sido gravado "sob pressão das forças de segurança", provavelmente na noite de segunda-feira, quando a adversária foi detida durante várias horas na sede da Comissão Eleitoral, onde tinha ido apresentar uma queixa.

Pouco antes, o ministro lituano das Relações Exteriores, Linas Linkevicius, informou à AFP que Tikhanovskaya estava a "a salvo" em seu país, vizinho de Belarus.

A candidata confirmou que tomou a "difícil decisão" de abandonar o país, em plena repressão ao movimento de protesto após a eleição presidencial muito questionada.

"Tomei esta decisão sozinha e sei que muitos me condenarão, muitos vão me odiar", declarou Tikhanovskaya.

"Pensava que esta campanha (presidencial) havia me endurecido e dado forças para suportar tudo. Mas, sem dúvidas, continuo sendo a mulher frágil que era no início", completou, com o rosto visivelmente cansado, em um vídeo publicado pelo site bielorrusso Tut.by.

"Os filhos são a coisa mais importante da vida", disse a opositora.

Durante a campanha, Svetlana Tikhanovskaya enviou os dois filhos ao exterior por questões de segurança, temendo as pressões do governo de Belarus.

Os guardas de fronteira de Belarus afirmaram que ela atravessou a fronteira por terra durante a noite.

De acordo com a equipe de campanha de Tikhanovskaya, no entanto, a saída foi forçada, sob pressão das autoridades. "Não teve escolha", afirmou à AFP Olga Kovalkova, uma de suas aliadas.

Svetlana Tikhanovskaya, de 37 anos, novata na política, emergiu em poucas semanas como uma inesperada rival para Lukashenko, de 65 anos e que governa o país desde 1994.

Esta professora de inglês substituiu na disputa presidencial o marido, Serguei, um conhecido blogueiro, detido em maio.

Após a eleição de domingo, Tikhanovskaya exigiu que Lukashenko "ceda o poder" e afirmou que não reconhecia os resultados oficiais, que mostram a vitória do presidente com 80,08% dos votos, contra 10% para ela.

A candidata, no entanto, se negou a participar nas manifestações duramente reprimidas no domingo e segunda-feira pelas forças de segurança, que utilizou bombas de efeito moral e balas de borracha e anunciou muitas detenções para acabar com os protestos em Minsk.

Nesta terça-feira circulavam nas redes sociais convocações para uma greve geral.

- Barricadas e um morto -

Na segunda-feira à noite foram instaladas barricadas nas ruas centrais de Minsk, um sinal do aumento da tensão, e várias explosões foram ouvidas na cidade.

Um manifestante morreu após a explosão em suas mãos de um objeto que ele pretendia lançar contra as forças de segurança, anunciou a polícia.

"Vergonha", gritavam os manifestantes, que enfrentaram a polícia com pedaços de pau e as próprias mãos.

Nos últimos dias, as autoridades intensificaram os esforços para conter o avanço de Tikhanovskaya e não hesitaram em deter vários colaboradores da candidata.

Uma de suas aliadas, Veronika Tsepkalo, esposa de um opositor impedido de participar na eleição presidencial, deixou Belarus no domingo e está na Rússia.

O ministério do Interior informou que 3.000 pessoas foram detidas na noite da eleição e outras 2.000 na segunda à noite. Também anunciou um balanço de 50 civis e 39 policiais feridos em 33 localidades.

Lukashenko chamou os manifestantes de "ovelhas" teleguiadas a partir de Londres, Varsóvia e Praga, e afirmou que não deixaria o país ser "feito em pedaços".

Em 2010, após a eleição presidencial, as manifestações foram brutalmente reprimidas.

- Condenações ocidentais -

No Ocidente, a Casa Branca disse na segunda-feira que está "profundamente preocupada" com a eleição presidencial e pediu às autoridades que permitam protestos.

A assessora de imprensa do presidente Donald Trump, Kayleigh McEnany, disse que "a intimidação de candidatos da oposição e a detenção de manifestantes pacíficos" estavam entre os vários fatores que "prejudicaram o processo".

A Comissão Europeia, assim como França, Alemanha e Reino Unido, além da Otan, condenaram a repressão. A Polônia pediu uma reunião da UE sobre a questão.

Os presidentes da Rússia e China, Vladimir Putin e Xi Jinping, parabenizaram o presidente Lukashenko.

Nas últimas semanas, o presidente bielorrusso acusou Moscou de querer subjugar seu país e de tentar desestabilizá-lo, em particular enviando mercenários.

A campanha eleitoral foi marcada por um fervor sem precedentes por Svetlana Tikhanovskaya. Antes de sua candidatura, os principais rivais de Lukashenko haviam sido vetados da disputa presidencial.

A mobilização ocorreu apesar das dificuldades econômicas, exacerbadas pelas tensões com a Rússia e pela resposta de Lukashenko à epidemia de coronavírus, que o presidente chamou de "psicose".


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