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Estado de Minas

Médicos sem Fronteiras, a única esperança contra COVID-19 em áreas violentas de El Salvador


04/08/2020 13:31

A organização Médicos sem Fronteiras (MSF) se tornou a única esperança de atendimento médico para comunidades que sofrem a pandemia da COVID-19 em áreas dominadas por grupos criminosos, às quais a saúde pública de El Salvador não chega.

A comunidade 1 de Diciembre, que fica 5 quilômetros ao leste de San Salvador, é uma dessas zonas, onde a única cobertura médica é aquela dada pelas equipes da MSF.

Este populoso bairro, de ruas de terra e casas precárias, exibe pelos muros as pichações da gangue que controla a zona - a facção Sureños da "pandilla" Barrio 18, uma das principais do país.

Em El Salvador, a atividade desses violentos grupos, liderados pela Barrio 18 e pela Mara Salvatrucha (MS-13), inclui homicídio, tráfico de drogas, extorsão e roubos.

Estima-se que as gangues tenham pelo menos 70.000 membros, com mais de 17.000 presos.

O presidente da 1 de Diciembre, Víctor Valle, disse à AFP que o pessoal médico do Ministério da Saúde não chega até sua comunidade, onde vivem crianças, idosos e grávidas que precisam de atenção, porque "têm medo" de entrar.

- COVID-19 e violência -

Este país centro-americano é um dos Estados sem guerra mais violentos do mundo, com uma média anual de 35,6 homicídios a cada 100.000 habitantes registrados em 2019. A maioria dessas mortes foi resultado da atividade "pandillera".

"Estamos em uma situação de emergência na nossa comunidade, porque a COVID entrou", lamentou Valle.

A equipe da MSF na 1 de Diciembre oferece assistência médica e ajuda a levar ambulâncias para retirar pacientes afetados pela pandemia.

Nas comunidades da periferia da capital, fica o epicentro da COVID-19 no país. No início de julho, a MSF advertiu, em um comunicado, que "se evidencia um rápido agravamento dos efeitos da pandemia sobre a população e sobre o sistema de saúde".

Em um dia de consulta médica, uma equipe da AFP observou que, após a chegada da brigada da MSF, imediatamente se apresentaram cerca de 20 pacientes em uma pequena igreja da comunidade, onde os consultórios são improvisados. Com o passar das horas, mais pacientes surgiram.

A assistência da MSF começou a ir à comunidade, porque as ambulâncias do sistema público demoravam de 24h a 72h para atender a uma chamada.

Nesse período, "um paciente com problemas clínicos chega a morrer", declarou à AFP o médico Boris Erazo, da ONG.

Rina Flores, paramédica da MSF, estimou que entre 70% e 80% dos casos que eles atendem hoje são de pacientes catalogados como "suspeitos" de COVID-19.

Com uma base de operações em San Bartolo, 10 km ao leste de San Salvador, a MSF atende com duas ambulâncias colônias dos municípios de Soyapango, Ilopango, Ciudad Delgado e Tonacatepeque, na periferia leste e nordeste da capital.

Nas áreas por onde a MSF circula, a população expressa seu temor de contrair o coronavírus e sofrer discriminação por parte dos vizinhos.

O pessoal médico se desloca com cautela pela possibilidade de enfrentamentos entre as gangues e as forças de segurança.

Com 6,6 milhões de habitantes em um território de 20.742 km2, El Salvador acumulava até segunda-feira 17.843 casos de COVID-19, com 477 óbitos.


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