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Estado de Minas

Grandes obras de restauração na catedral de Notre Dame, em Paris, começam com o órgão


03/08/2020 18:01

A primeira etapa das obras de reconstrução da catedral de Notre-Dame de Paris começou nesta segunda-feira (3) com a cuidadosa transferência do console do grande órgão sinfônico para uma base e sua descida ao chão, treze metros abaixo.

"É uma fase muito delicada, para nós uma fonte de grande preocupação", confessou Christian Lutz, consultor técnico de monumentos históricos, que realizará o trabalho ao lado de Mario d'Amico, artesão de órgãos e mestre em artes plásticas.

A tranquilidade emanava de seus rostos após a primeira operação bem-sucedida, que foi mais complicada do que o esperado.

O console é um posto de condução de tamanho modesto em relação a todo o instrumento, mas é crucial: cinco teclados para as mãos, um teclado de pé e 115 controles.

Sua transferência é apenas o começo dessa "obra dentro da obra" que deve ser concluída a tempo de se celebrar com música um Te Deum na catedral em 16 de abril de 2024, dentro do prazo previsto de cinco anos após o incêndio pelo presidente Emmanuel Macron.

O órgão de Notre-Dame, o maior da França, ressoa desde 1733. Sua restauração não apresenta problemas técnicos intransponíveis, mas é complexa pelas dificuldades de obra muito vasta.

O órgão majestoso foi salvo do fogo em 15 de abril de 2019, mas estava coberto de poeira e chumbo. E foi afetado por ondas de calor.

- "Operação minuciosa" -

A parte mais difícil do trabalho será "desmontar cada um dos 8.000 tubos dos 115 comandos do instrumento" para limpá-los, enfatiza o general Jean-Louis Georgelin, presidente do estabelecimento público encarregado da restauração de Notre-Dame. Essa fase começará em 24 de agosto.

Alguns têm dez metros de altura, outros, do tamanho de uma caneta esferográfica. Há algumas peças góticas e outras são dos séculos XVII, XVIII, XIX, XX e XXI.

"Preparamos essa operação meticulosa com muito tempo e planejamos para que o grande órgão possa soar em 16 de abril de 2024", ressalta o amante da música em geral, que se mobilizou a favor da "voz" da catedral.

Para tornar isso possível, um andaime especial muito alto teve que ser instalado em junho para alcançar todos os tubos.

Na manhã desta segunda-feira, foi realizado o início do desmonte: quatro artesãos de órgãos ajudados por pedreiros moveram o console de carvalho de 500 kg que colocaram sobre uma paleta, evitando sua oscilação. Depois o inseriram em um poço condicionado no andaime para operar sua descida.

Os artesãos do órgão contiveram a respiração quando a descida começou e o console colidiu com as barras, obrigando que fosse constantemente desbloqueado. Ele chegou ao chão sem problemas. Tudo em apenas 25 minutos.

A remoção do console libera o espaço necessário para instalar uma base no pé do órgão, onde os tubos podem ser limpos sem que seja necessário abaixá-los. O andaime terá que ser aumentado para instalar a base.

- Preservar a harmonia -

Um total de 95% dos tubos será desmontado. Os dez maiores de madeira e os grandes canos de metal da fachada do órgão serão fixados, sem contar o aparador grande e o fole grande.

Foram fabricadas 250 caixas para as peças desmontadas. Elas serão colocadas em quatro grandes recipientes à prova d'água no átrio de Notre-Dame, antes de serem transferidos para um armazém nos arredores de Paris.

Para Mario d'Amico, chefe das obras, "o maior desafio será salvar esses tubos para que toda a harmonia, todo o som original do órgão permaneçam intactos após as manipulações". Alguns são muito frágeis podem se deformar.

"Toda a história do órgão francês é resumida em um órgão", destaca Christian Lutz, que "tratou" em sua carreira cerca de 160 órgãos diferentes em toda a França.

O trabalho, no qual várias empresas trabalham, está programado para durar até abril de 2024. Inclui profunda descontaminação do chumbo, restauração de alguns elementos, remontagem e, nos últimos seis meses, as operações mais delicadas (harmonização, afinação), que deverão ser realizadas em silêncio, se possível, à noite.


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