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Estado de Minas

Global Witness registra recorde de 212 homicídios de ambientalistas em 2019


28/07/2020 22:25

Em todo o mundo muitos dos que se engajam na luta contra o desmatamento, a mineração e projetos agroindustriais acabam perdendo a vida e o ano de 2019 registrou um recorde de 212 assassinatos, informou a ONG Global Witness.

Segundo a organização, quase um terço dos homicídios foi registrado na Colômbia. Trinta e três ativistas foram assassinados na Amazônia (a grande maioria no Brasil), lutando contra o desmatamento provocado por megaprojetos agrícolas e de mineração.

"Em um momento em que precisamos proteger mais do que nunca o planeta das indústrias destrutivas e que emitem CO2, os assassinatos dos defensores do meio ambiente e da terra nunca foram tão numerosos" desde que começaram a ser contabilizados, em 2012, alerta a ONG britânica.

As vítimas são líderes indígenas, guardas florestais responsáveis por proteger a natureza e ativistas ambientais. O relatório anual, que será publicado nesta quarta-feira (29) supera as cifras de 2017, quando houve 207 mortes. E, como ocorre todos os anos, "nossas cifras certamente estão subestimadas", adverte a Global Witness.

Em 2019, metade destes homicídios foi praticado em dois países: Colômbia, que com 64 vítimas ocupa um lugar de destaque na América Latina, que em seu conjunto representa dois terços do total, seguida das Filipinas, com 43 mortos.

Nestes dois países e no restante do mundo, os representantes dos povos indígenas (40% dos assassinados em 2019) que vivem integrados ou perto da natureza "enfrentam riscos desproporcionais de represálias" por defender "suas terras ancestrais".

No contexto de uma reconstrução do mundo pós-COVID mais verde, a defesa e a proteção dos ambientalistas é "vital", enfatiza a ONG que, ao contrário, constata uma "intensificação dos problemas (...) com governos de todo o planeta".

Em Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Filipinas... Políticos se serviram da crise sanitária para tornar mais draconianas as medidas para controlar os cidadãos e reverter normas ambientais que custaram tanto para ser implementadas.

"Estratégias que vão de campanhas de calúnia a julgamentos espúrios para silenciar quem luta contra o aquecimento global (...) [sendo] inclusive acusados de delinquentes ou terroristas".

As mulheres, que representam 10% destas mortes, às vezes também são vítimas de violência sexual.

Mas, a Global Witness também destacou as poucas vitórias obtidas por ativistas "corajosos e tenazes".

É o caso dos indígenas Waorani, da Amazônia equatoriana, onde a justiça bloqueou à indústria do petróleo o ingresso às suas terras ancestrais. "É por nossas florestas e para as futuras gerações", insistiu Nemonte Nenquimo, um dos líderes. O governo apelou da decisão judicial.

- Em todas as partes -

Nas Filipinas, Datu Kaylo Bontolan, líder do povo Manobo, morreu em um bombardeio em abril de 2019, quando sua comunidade lutava contra um projeto de mineração, o setor mais letal para os ambientalistas (50 mortos).

A agroindústria vem logo depois, com 34 ativistas assassinados, contrários às fazendas de palma, açúcar e frutas tropicais, grande parte na Ásia.

O combate ao desmatamento custou 24 vidas, um aumento de 85% com relação a 2018, enquanto as florestas são essenciais para enfrentar o aquecimento global.

A defesa das florestas pode levar à morte inclusive na Europa, o continente menos afetado por assassinato de ecologistas.

Na Romênia, em uma das florestas mais importantes do velho continente, pratica-se o desmatamento ilegal. O guarda florestal Liviu Pop foi morto a tiros em outubro ao surpreender desmatadores. Depois, um outro foi assassinado com um facão.

Apesar de a "impunidade da corrupção generalizada" dificultarem a identificação dos autores destes homicídios, o relatório aponta o crime organizado, quadrilhas locais, organizações paramilitares e inclusive forças policiais.

"Muitas violações dos direitos humanos e do meio ambiente são consequência da exploração dos recursos naturais e da corrupção do sistema político e econômico mundial", destacou Rachel Cox, da Global Witness, acrescentando que as empresas responsáveis são as mesmas que "estão nos levando para uma mudança climática incontrolável".


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