Jornal Estado de Minas

Chileno em prisão preventiva, após ser acusado de homicídio de japonesa na França

O chileno Nicolás Zepeda, acusado de assassinar sua ex-namorada japonesa, que desapareceu na cidade francesa de Besançon (leste) em 2016, foi formalmente acusado de homicídio e posto em prisão preventiva nesta sexta-feira (24), após ser extraditado do Chile para a França, disse à AFP o promotor de Besançon (leste).





Zepeda, de 29 anos, chegou a Paris esta manhã e foi imediatamente levado a Besançon, onde, após interrogá-lo, a juíza de instrução encarregada do caso, Marjolaine Poinsard, decidiu indiciá-lo por homicídio.

"Nicolas Zepeda foi indiciado (acusado) pelo assassinato de Narumi", declarou à AFP Etienne Manteaux, promotor de Besançon, cidade do leste da França onde a japonesa desapareceu há quatro anos.

"Estou em território francês e prometo assistir a todas as convocações", disse Zepeda, com calma, durante sua apresentação à juíza.

"NUnca cometi violência, nem pressionei ninguém e me comprometo a que continue sendo assim", acrescento, voltando a alegar inocência.

A juíza decretou sua prisão preventiva.

Sua advogada, Jacqueline Laffont, que defendeu o ex-presidente Nicolás Sarkozy no passado, havia pedido que o cliente ficasse sob controle judicial em um apartamento em Paris, que seu pai alugaria.

Mas o promotor considerou que "os elementos que implicam diretamente Zepeda no homicídio de Narumi Kurosaki são contundentes".





Zepeda é o único suspeito do desaparecimento de Narumi Kurosaki, cujo rastro se perdeu em 6 de dezembro de 2016, quando ela tinha 21 anos, em uma residência universitária em Besançon.

- "Recuperar o corpo de Narumi" -

Embora seu corpo não tenha sido encontrado, os investigadores supõem que a jovem esteja morta.

Sylvie Galley, advogada da família de Narumi Kurosaki, lembrou que a jovem teria completado 25 anos na quinta-feira.

"Para sua família, este dia de aniversário foi um dia de luto. Estão abatidos porque esperavam que aparecessem revelações. Gostariam de suplicar a Nicolás Zepeda que lhes diga onde está Narumi porque seu lugar é perto de seus pais", declarou.

Segundo o promotor Manteaux, é possível que o julgamento seja celebrado em 2021.

Segundo os investigadores, Zepeda, membro de uma família abastada, viajou à França especialmente para cometer o crime depois de saber que Kurosaki, a quem ele conheceu durante uma viagem ao Japão em 2014, estava em um novo relacionamento.





Segundo a investigação, nos dias anteriores ele comprou material inflamável, seguiu a vítima e na noite do suposto crime a convidou para almoçar e depois foi com ela para a residência estudantil, onde a teria sufocado e estrangulado.

Depois disso, ele teria colocado seu corpo em uma mala para escondê-lo em uma floresta próxima.

Para elaborar esse relato, a justiça francesa realizou a triangulação do GPS do carro que Zepeda alugou na França, revisou imagens de câmeras de estabelecimentos comerciais e as compras que ele fez com seu cartão de crédito.

Os estudantes da residência contaram aos investigadores que ouviram "gritos de terror" na noite do desaparecimento da jovem, mas ninguém chamou a polícia.

O suspeito nega envolvimento no suposto crime.

- Extradição 'excepcional' -

A extradição põe fim no Chile ao trâmite judicial iniciado em março, quando foi aceito o pedido da justiça francesa para abrir esse processo contra Zepeda.

"A rapidez com que a Justiça chilena, além do contexto de COVID, respondeu à nossa solicitação de extradição é excepcional", disse Etienne Manteaux.





Antes do caso de Zepeda, o Chile havia autorizado pelo menos duas extradições de chilenos para a França.

Em e-mail enviado às autoridades chilenas, Zepeda admitiu ter ido a Besançon em dezembro de 2016 para ver Narumi e que os dois se deram conta de que "continuavam apaixonados um pelo outro".

Ele contou ter passado parte da noite de 4 de dezembro com ela, mas afirma que foi embora da residência sozinho.

Narumi era uma jovem brilhante, vinda de uma família modesta. Residia em um centro de idiomas em Besançon, que lhe ofereceu uma bolsa de estudos.

Embora no Chile o caso não tenha despertado maior interesse, na França e no Japão tem sido muito acompanhado, especialmente agora que foi aberta a possibilidade de julgar o único acusado.