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Estado de Minas

Uma geração jovem e preparada exige mudanças na Bulgária


23/07/2020 09:31

Eles estão na linha de frente das manifestações organizadas contra o governo Boiko Borisov há 15 dias na Bulgária. São jovens formados no exterior que pedem uma mudança em um país que consideram corroído pela corrupção.

Se chamam Krassimir ou Mirela, estudaram ou trabalharam na Alemanha, na Holanda ou nos Estados Unidos e vão às ruas para protestar com suas bicicletas e seus carrinhos de bebê.

"A corrupção faz parte do sistema de tal maneira que mudar as coisas exige mais do que alternância política", diz à AFP Krassimir, 29 anos, que trabalha no setor financeiro.

"Casas compradas por um punhado de moedas, subornos... os políticos não têm moral", afirma Mirela Yotova, engenheira de 30 anos.

"Eles são insolentes e querem dar lições", reclama Pasko Paskov, de 34 anos, que dirige uma empresa de software, tendo se formado nos Estados Unidos.

Em Sofia, o governo de coalizão entre o conservador Boïko Borissov e duas formações nacionalistas é "incapaz de seguir as prioridades de Bruxelas", lamenta o eurodeputado Radan Kanev, que se opõe ao Executivo.

"Novas tecnologias, economia verde... o governo está atrasado com tudo isso", critica, ressaltando que sua geração, no entanto, está perfeitamente preparada para enfrentar esses desafios.

Ao contrário do eleitorado de Borissov, de idade avançada e pouco orientado para o exterior, os búlgaros mais jovens e com maior escolaridade são fluentes em várias línguas e veem com bons olhos as diferenças entre seu país e as oportunidades no exterior.

"Existe um abismo entre a Bulgária e a Holanda, por exemplo, no que se refere a reformas e valores", diz Evgueni Martchev, com alguma amargura, que estudou direito em Haia e foi ferido pela polícia em uma manifestação em Sofia.

Krassimir também sofre quando compara suas experiências na Holanda, onde estudou. "Lá, as autoridades estão ali para servir os cidadãos e não o contrário", afirma.

Segundo a socióloga Evelina Slavkova, esta geração de búlgaros não pede um aumento nos salários, como os protestos no país tradicionalmente exigem. "A maioria persegue um ideal", aponta.

A pandemia de coronavírus e a desaceleração que gerou na economia búlgara provocaram um descontentamento incubado há muito tempo, porque os jovens sentem que o Estado não lhes dá nada.

"Eles querem participar da vida pública", diz o antropólogo Haralan Alexandrov, "mas descobrem que o elevador social está bloqueado". "Não estão representados na política e estão procurando seu lugar", corrobora a socióloga Boriana Dimitrova.

"As novas tecnologias estão sufocando sob o peso da burocracia", lamenta Pasko Paskov. "Estudamos, trabalhamos, pagamos nossos impostos e estamos fartos. Nada mudou desde que nascemos", diz Mirela Yotova.

E precisamente, devido à fuga de cérebros, a Bulgária perdeu mais de dois milhões de habitantes desde a transição em 1989 para a economia de mercado.

Agora, tem 6,95 milhões de habitantes.

Boïko Borissov diz que deseja realizar uma grande reforma em seu governo e gostaria que a diáspora povoasse regiões sinistradas, mas "será necessária uma grande mudança para que os jovens retornem", acredita Galina Hristova, de 60 anos.

A mulher segura a neta pela mão, que só vê seus pais "por Skype", pois eles tiveram que ir para o exterior para ganhar a vida.


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