Jornal Estado de Minas

Croatas votam em eleições legislativas marcadas pelo coronavírus

Os conservadores croatas, que lideram as eleições legislativas neste domingo, de acordo com uma pesquisa de boca de urna, parecem bem posicionados para permanecer no poder e formar um governo de coalizão que terá que enfrentar a pandemia de coronavírus e suas consequências econômicas.



Já se esperava votação, que ocorreu à sombra de uma recuperação nos casos de coronavírus, bastante apertada, mas a pesquisa da Ipsos indicam que o HDZ, do primeiro-ministro Andrej Plenkovic, superou seus principais rivais na coalizão de centro-esquerda liderada pelos sociais-democratas de Davor Bernardic.

Os conservadores que dominam a vida política desde a independência da Croácia em 1991 ganhariam 61 assentos em 151 no Parlamento. A coalizão de centro-esquerda ficaria com 44, e o partido de Miroslav Skoro, cantor populista e nacionalista, ocuparia 16 cadeiras.

Na ausência de uma maioria absoluta, o primeiro-ministro deve agora iniciar negociações que podem durar dias. Uma das opções possíveis para o HDZ é abrir negociações com o "Movimento Patriótico" de Skoro.

A incerteza sobre o futuro dominou a campanha, já que a economia croata muito dependente do turismo cairia cerca de de 10%, sua pior contração em décadas.



- "Muitas coisas devem mudar" -

Andrej Plenkovic, de 50 anos, apostou que a difícil situação que está por vir incentivasse os eleitores a permanecerem fiéis a um partido no poder desde 2016.

"É necessário fazer eleições sérias e não política para políticos", disse o primeiro-ministro. "A Croácia não precisa de experimentos como com Bernardic ou Skoro".

O partido no poder destacou suas ações diante da crise de saúde. Este país dos Balcãs, membro da União Europeia, tem cerca de de 110 mortos e 2.800 casos para um total de 4,2 milhões de habitantes.

No entanto, há duas semanas, após saldos baixos ou quase nulos, o país começou a registrar algumas dezenas de casos diários.

Davor Bernardic, de 40 anos, acusa o governo de "ter colocado a Croácia em perigo deliberadamente", ao decidir levar adiante as eleições durante a pandemia.

Andrej Plenkovic, entretanto, defendeu essa decisão, depois de depositar sua cédula.

Era melhor realizar as eleições "o mais rápido possível", pois os especialistas prevêem que a situação da saúde poderá ser "mais perigosa no outono".

A oposição também aproveitou a ocasião de uma série de escândalos envolvendo o HDZ para denunciar "o caminho da corrupção".

"Propomos mudanças claras para um novo começo na Croácia", disse o social-democrata ao votar.

Miroslav Skoro, de 57 anos e ex-membro do HDZ, que seduz a ala direita do partido conservador decepcionada com as políticas moderadas de Andrej Plenkovic, afirmava ser "a única garantia de mudança".