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Estado de Minas

Apoiadores de Bolsonaro elogiam sua gestão da pandemia


postado em 03/07/2020 10:19

A curva da pandemia continua em pleno crescimento no país, mas o índice de popularidade do presidente Jair Bolsonaro continua estável: para o seu núcleo duro, o mandatário tem gerenciado bem a pandemia.

A minimização por parte do presidente sobre a gravidade do coronavírus, uma "gripezinha" que já deixou mais de 60.000 mortos, teve como resultado uma avalanche de críticas ao longos dos últimos três meses, assim como sua grande campanha contra as medidas de quarentena parcial aplicadas pelos governadores na maioria dos estados do país.

Tanto os epidemiologistas quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) manifestaram preocupação com esse posicionamento, considerado por alguns como criminoso: o Brasil é o segundo país no mundo em que a COVID-19 mata e infecta mais, atrás somente dos Estados Unidos.

No entanto, de acordo com uma pesquisa do Datafolha, 32% da população estimava no final de junho que o governo Bolsonaro é "bom ou muito bom", um número que se mantém estável desde o início da pandemia.

Para Vinicius Valle, doutor em Ciência Política, a maioria dos apoiadores do presidente reconhece a existência de um risco à saúde por conta do novo coronavírus.

Porém, a oposição desse núcleo às medidas de confinamento e a suspensão de setores de uma economia que já acumula uma recessão recorde pode representar um risco ainda maior, segundo o pesquisador, co-autor de um estudo sobre o bolsonarismo publicado em junho.

"As pessoas estão sofrendo muito economicamente, e o Bolsonaro, quando diz 'não podemos parar o Brasil', dialoga com o desespero das pessoas", explica Valle.

Ainda assim, a pandemia alterou parcialmente a composição de sua base de apoio, acrescenta.

Segundo o cientista político, "aqueles eleitores que votaram nele e estavam fiéis a Bolsonaro até o momento da pandemia, diminuíram. Eram uns 31% ou 32% da população brasileira, e agora em torno de 22% a 23%".

Porém, "essa perda foi compensada por um novo contingente, que pertence às classes mais baixas. Estamos atribuindo isso ao auxílio emergencial", pagos a 63 milhões de brasileiros.

- "Um presidente patriota" -

Quase todos os domingos, vários bolonaristas fiéis ao presidente organizam manifestações em São Paulo e em Brasília, nas quais o verde e amarelo são as cores predominantes.

Sua retórica é uma cópia das mensagens do presidente.

Se são poucos, dizem eles, é por causa da mídia que espalhou o medo para que as pessoas não vão às ruas. E se a economia entrar em colapso, a culpa é dos governadores que aplicaram as medidas de quarentena.

"Bolsonaro liberou dinheiro para as pessoas e para os estados. Mas os governadores fizeram uma péssima gestão desse dinheiro, os hospitais de campanha estão caindo aos pedaços", afirma Neusa, moradora de São Paulo, que prefere não revelar seu nome completo.

"Não tinha necessidade de fechar nada!", reclama a mulher, de 56 anos, em uma manifestação pró-Bolsonaro, sem soltar por um segundo a bandeira na qual está escrito "Fora Doria".

Outro manifestante, Lee Freitas, acredita que "Bolsonaro toma decisões sábias" e tem "ministros capacitados", mesmo tendo perdido dois ministros da Saúde em poucas semanas no cargo.

"Essa gestão a gente está apoiando. E hoje a gente se sente feliz por ter um presidente patriota, aplaudido aonde chega", ressalta Freitas, referindo-se a um mandatário, que muitas vezes se aglomera junto à multidão, ignorando as recomendações de distanciamento social.

O coronavírus, para alguns bolsonaristas, também é resultado de uma conspiração chinesa.

"É uma estratégia de boa parte da mídia, que está ligada à esquerda e ligada também ao comunismo chinês, para que o governo brasileiro e o governo americano estejam desmoralizados, é isso que acontece hoje", diz Alex Silva, ativista de 46 anos.

"Por que a China não teve um número explosivo de casos?", questiona-se.

- Enterrar caixões vazios -

Teorias de conspiração circulam nos ambientes bolsonaristas, diz Vinicius Valle.

"No entanto, as notícias falsas mais negacionistas que circulam no Brasil, como as de que autoridades locais estariam enterrando caixões vazios para aumentar os números [da pandemia], não chamam a atenção dos bolsonaristas, o que mostra que poucas pessoas aderem a elas", explica.

"A gente (pesquisadores) especula que assim que esse auxílio acabar, a popularidade dele deve cair para esse 22% de bolsonaristas fiéis, que votaram nele e continuam com ele até hoje", prevê o analista político.


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