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Estado de Minas

López Obrador passa de crítico a favorável ao livre comércio em busca de reanimar a economia


postado em 30/06/2020 14:43

O primeiro presidente de esquerda do México, cuja cruzada contra o "neoliberalismo" é defendida como uma batalha econômica e moral, deposita agora suas esperanças no T-MEC, o renovado acordo de livre comércio com os Estados Unidos e o Canadá, como forma de restaurar uma economia fragilizada.

Esse paradoxo reflete a exitosa integração da América do Norte a partir do livre mercado, um antigo anátema para líderes nacionalistas como Andrés Manuel López Obrador, que hoje vê o acordo como uma tábua de salvação para os efeitos da pandemia à segunda maior economia latino-americana.

"Para o México isso significará investimento. (...) É por isso que é muito importante que o acordo entre em vigor" na próxima quarta-feira, afirmou López Obrador, que em breve fará sua primeira viagem ao exterior em 18 meses como presidente para se reunir com Donald Trump em Washington e oficializar o novo acordo.

"Estamos prestes a sair da pandemia e precisamos reativar a economia, sair da recessão econômica, após a queda ocasionada pelo coronavírus", acrescentou ele durante sua entrevista coletiva na manhã da última segunda.

A urgência do presidente é mais do que justificada. O banco central mexicano acredita que a economia possa sofrer queda de 8,8% neste ano, enquanto o FMI vê um declínio de 10,5%.

Além disso, mais de 12 milhões de mexicanos, a grande maioria dependentes da economia informal, pararam de procurar emprego em abril por causa do confinamento e da consequente suspensão da produção no país.

Sob a ameaça de um país empobrecido, a promessa de livre comércio parece um milagre para o presidente.

- Sinais contraditórios -

"Signfica realmente algo extraordinário, porque o T-MEX, o Nafta, sempre foi considerado como o pilar do neoliberalismo", explica Luis de la Calle, economista que negociou o primeiro acordo que iniciou a integração com os Estados Unidos, em 1994.

O especialista elogia a atitude presidencial, ao lembrar que o Méxicou saiu das suas duas maiores crises econômicas recentes, em 1995 e 2009, graças ao aumento das exportações.

Porém, a fé de López Obrador no T-MEC não coincide com suas ações de política econômica e sua relação com o investimento privado.

Desde que cancelou a construção de um aeroporto na Cidade do México, avaliado em US$ 13 bilhões, no início de seu mandato, houve um aumento dos sinais contraditórios.

Neste ano, as decisões do governo levaram à suspensão da construção de uma cervejaria e de uma usina termelétrica, cada uma avaliada em mais de US$ 1 bilhão, ampliando a existência de um fator que funciona como uma bomba para os investidores: a incerteza.

Sua determinação em fortalecer o setor energético nacional, em nomes como a petroleira Pemex e a elétrica CFE, também o levou a rever contratos e regulamentos que afetaram os interesses privados em um setor estratégico para a integração industrial com os EUA, outro ponto virtuoso do pacto comercial.

De la Calle aponta cinco atitudes necessárias para valorizar os benefícios do T-MEC: coordenar a reabertura econômica com os Estados Unidos, melhorar a logística binacional, incentivar um mercado de energia abundante e eficiente, apostar em tecnologia e respeitar as regras do jogo.

"O México está na direção oposta em várias delas, se não todas, nos últimos meses", alerta.

O fluxo comercial entre os três países atingiu US$ 1,2 trilhão em 2019.

- A melhor opção -

Após 15 meses de árdua negociação e debates legislativos, o México teve que ceder no que se refere ao capítulo trabalhista do T-MEC, assim como nas regras de origem da indústria automotiva, o principal ponto do acordo.

O aumento da produção na região e a exigência para que certos componentes sejam feitos em fábricas que pagam altos salários atingem diretamente os interesses das montadoras mexicanas, competitivas por menores custos do que seus parceiros no acordo.

"Todas as empresas estão revisando como cumprirão essas regras", disse Fausto Cuevas, diretor geral da Associação Mexicana da Indústria Automotiva, antes do início do T-MEC.

Apesar das concessões, De la Calle conclui que o resultado do acordo foi melhor do que a opção de vê-lo destruído por Trump ou questionado por López Obrador.

"Nesse sentido, é um grande sucesso", conclui.

A troca do México com seus parceiros americanos totalizou US$ 600.683 milhões, em 2019. Desse valor, 96% corresponde ao comércio com os Estados Unidos.


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