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Estado de Minas

Alemanha dissolve parte da unidade militar de elite por laço com extrema direita


postado em 30/06/2020 13:55

Desestabilizada por vários escândalos sobre vínculos de alguns de seus membros com a extrema direita, a unidade militar de elite alemã será parcialmente dissolvida - anunciou a ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer.

As forças especiais (KSK) "se declararam parcialmente autônomas a respeito do restante do Exército, em particular por causa de uma cultura tóxica de alguns de seus comandantes. Em consequência, a KSK não pode continuar sob sua forma atual", afirmou a ministra Annegret ao jornal "Süddeutsche Zeitung".

As forças especiais são acusadas de terem-se separado excessivamente do Exército, o que favoreceu a emergência de "dirigentes tóxicos" e a difusão de "ideias extremistas", continua o informe.

De forma imediata, a segunda companhia das forças especiais alemãs, onde foram detectados os problemas políticos mais importantes, será dissolvida, sem substituição. A KSK conservará apenas três companhias.

Na expectativa de uma profunda reforma, a unidade de elite não participará de exercícios, nem de missões internacionais.

Criada em 1996, sob o modelo da Special Air Service (SAS) britânico, a unidade de operações secretas é formada por cerca de 1.400 soldados de operações e apoio logístico.

Entre suas missões, estão repatriar os alemães de zonas de guerra, ou em crise, trabalhos de Inteligência, ou treinamento de forças aliadas.

- Munição roubada

O desaparecimento de 48.000 cartuchos e 62 quilos de explosivos foi classificado como "preocupante" e "alarmante" pela ministra. O Exército abriu uma investigação sobre a recente descoberta, que pode ter sido provocada por um erro interno, explicou.

"O muro de silêncio está se rompendo", afirmou a ministra da Defesa.

Com a lembrança do nazismo onipresente, a Alemanha buscou, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, ter um Exército irretocável. Os recentes escândalos envolvendo os militares abalaram o país.

Vários membros da KSK foram identificados como próximos a círculos ultranacionalistas, algo muito preocupante em um contexto em que as autoridades temem o ressurgimento do terrorismo de extrema direita, contrário aos imigrantes, judeus e aos políticos que os apoiam.

"Alguém que seja de extrema direita não têm lugar na Bundeswehr e tem de deixá-la", declarou a ministra à rádio pública.

Em outubro, a situação interna das demais companhias da unidade passará por uma revisão. Caso os membros das KSK "não escutem a primeira salva de aviso, então abordaremos uma reorganização mais ampla", advertiu Annegret Kramp-Karrenbauer.

- Escândalos -

Nos últimos anos,uma série de escândalos atingiu as Forças Armadas alemãs, onde as ideias de extrema direita foram ganhando terreno.

Os primeiros alarmes na KSK saltaram em abril de 2017, em uma festa de despedida de um de seus comandantes. Houve saudações hitleristas, e cabeças de porcos foram lançadas.

Em uma investigação interna, foram descobertas armas na propriedade de um integrante da KSK na Saxônia, que já havia chamado a atenção por suas posições radicais.

Em janeiro, o Serviço de Contrainteligência Militar alemão (MAD) anunciou que 20 integrantes da tropa de elite eram suspeitos de serem membros da extrema direita - uma proporção cinco vezes superior do que na Bundeswehr.

Em geral, as Forças Armadas alemãs já são criticadas por este tema. Em 2017, dois militares, um deles Franco Albrecht, um oficial de 28 anos, foram detidos por suspeita de planejarem um atentado contra personalidades alemãs muito favoráveis - segundo eles - à imigração.


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