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Estado de Minas

Família venezuelana luta para vencer o coronavírus no Peru


postado em 29/06/2020 10:13

Os 14 membros da família Hernández chegaram no Peru há dois anos com grandes esperanças, mas o coronavírus agora coloca seus sonhos em cheque: o avô morreu e os outros lutam para superar a doença, dois deles hospitalizados.

"Acho que minha vida está indo embora", diz com dificuldade Wilmer Ramón Hernández, de 44 anos, deitado em sua casa no sul de Lima e conectado a um cilindro de oxigênio para respirar.

Seu pai, Wilmer Arcadio Hernández, 63 anos, perdeu a batalha contra o coronavírus no domingo, 21 de junho, enquanto o Dia dos Pais era comemorado no Peru e na Venezuela.

"Meu marido cedeu seu oxigênio ao seu pai, mas infelizmente no domingo às 3h40 ele faleceu", conta a esposa de Wilmer Ramón, Ruth Delgado, 37 anos.

"Choramos silenciosamente por dentro ao ver o velho que nos deixou", acrescenta essa enfermeira que no Peru não pode praticar sua profissão.

- "Todos positivos" -

O Peru já recebeu mais de 800.000 venezuelanos que fugiram da crise em seu país. A maioria chegou por terra, depois de cruzar a Colômbia e o Equador.

Os Hernández são da cidade de Barquisimeto (oeste da Venezuela), onde Wilmer Ramón era cantor de uma banda de mariachis que realizava festas e eventos empresariais.

Os 14 viajaram de ônibus para o Peru: Wilmer Ramón, Ruth, os nove filhos do casal, o avô e dois dos tios das crianças.

Uma vez em Lima, Wilmer Ramón retomou seu trabalho de mariachi com um de seus filhos, enquanto outros adultos da família numerosa trabalhavam como taxistas ou vendedores ambulantes, incluindo Ruth.

Alugaram uma casa simples de três andares na encosta de uma colina no populoso distrito de Villa María del Triunfo, perto do cemitério Nueva Esperanza.

Estavam indo bem em sua nova vida, por isso estavam confiantes de que iriam avançar. Até a pandemia os atingir.

"Nos testes, só seis deram positivo, mas sintomaticamente todos estão positivos, desde a menina com menos de seis anos até o mais velho, que era meu sogro, que já faleceu", diz Ruth à AFP.

"Pouco a pouco as crianças adoeceram. Tudo foi mudando em casa. Agora quem está mais doente é meu marido", acrescenta a mulher com pesar.

- "13" -

Nas últimas três semanas, a família Hernández esteve em quarentena em sua casa, onde pintou uma imagem da Virgem de Guadalupe, para a qual reza todos os dias.

Embora também esteja pendurada uma fotografia de Wilmer Ramón vestido de mariachi, as roupas e os enormes chapéus mexicanos foram guardados, assim como os instrumentos musicais.

Ninguém os visita, exceto um médico e uma enfermeira, que vêm à casa a cada dois dias para examiná-los.

"A situação é difícil com a pandemia, muito difícil porque somos uma família numerosa. Éramos 14, infelizmente agora somos 13", afirma Ruth.

O Peru tem sido duramente atingido pela pandemia. Quase 280.000 pessoas contraíram o vírus neste país de 33 milhões de habitantes, dos quais mais de 9.000 morreram.

Embora os Hernández não possam mais sair para trabalhar, gastaram US $ 440 para alugar um cilindro de oxigênio para Wilmer Ramón, o mais grave de todos após a morte do avô. O dinheiro foi obtido de doações de amigos.

"Meu peito está apertado e começo a perder a consciência, é muito forte a dor nas costas. Sinto-me muito mal por sufocações, às vezes acho que não vou suportar", diz o mariachi enquanto mostra à AFP uma foto de seu falecido pai em seu celular.

Poucas horas depois de Wilmer Ramón falar com a AFP, seu estado de saúde se deteriorou. O mesmo aconteceu com seu filho mais velho, Wilmer Jesús, 25 anos.

Por indicação médica, ambos foram transferidos para hospitais. O pai foi hospitalizado no hospital Villa El Salvador e o filho no hospital de emergência para pacientes com coronavírus na Vila Pan-Americana em Lima, onde atletas de todo o continente ficaram durante os Jogos de 2019. Wilmer Ramón segue na unidade de terapia intensiva.


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