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Estado de Minas

Guaidó quer impedir que ouro seja entregue a governo Maduro, diz sua representante em Londres


postado em 26/06/2020 14:18

O opositor venezuelano, Juan Guaidó, quer impedir que o governo de Nicolás Maduro repatrie trinta toneladas de ouro armazenadas no Banco da Inglaterra para "que não possa continuar matando a população com nossos próprios recursos", segundo a sua representante em Londres, Vanessa Neumann.

Um juiz britânico em breve deve se pronunciar sobre quem pode dar instruções ao banco central inglês sobre o que se deve fazer com as reservas nacionais venezuelanas mantidas na instituição.

Em 2019, o Reino Unido, junto a outros cerca de cinquenta países, reconheceu Guaidó como "presidente constitucional interino da Venezuela até que eleições presidenciais confiáveis possam ser realizadas", que na época exercia o cargo de presidente da Assembleia Nacional controlada pela oposição.

Mas o governo Maduro, que passou mais de um ano e meio tentando recuperar sem sucesso esse ouro, avaliado em US$ 1 bilhão, está requisitando à Justiça britânica o controle dos bens do seu país nesse país estrangeiro.

Neumann, uma empresária que atua de forma não oficial como "embaixadora" de Guaidó na capital britânica desde março de 2019, conta em entrevista à AFP que espera que este caso abra um precedente.

Ela nega que o governo Maduro pretenda usar os fundos para combater a COVID-19, como justifica, através de um suposto acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

P: O que esperam dessa decisão?

R: Queremos defender o pouco que Maduro ainda não nos roubou, em defesa das reservas nacionais do país para a população, para a construção e a estabilização.

Maduro usa o dinheiro para matar meu povo, a única questão aqui é que ele não pode continuar nos matando com nossos próprios recursos, que pertencem ao povo da Venezuela.

A ideia é protegê-los para o futuro do país.

P: Se a Justiça lhes der razão, o ouro permanecerá em Londres ou poderá ser vendido e movimentar os fundos?

R: Conhecendo os britânicos, imagino que seria melhor que esse ouro fosse mantido aqui até que haja eleições confiáveis e livres. Além disso, (para movê-lo), é necessário preencher uma papelada no Banco da Inglaterra: enquanto você autoriza assinaturas, você deve ver a legislação, 'como foi a nomeação', 'quem é cada pessoa', isso leva muitos meses.

P: Esse caso pode influenciar a situação de outros bens venezuelanos mantidos em países europeus?

R: Um pronunciamento jurídico tem muito mais peso do que um pronunciamento político, e isso deveria abrir um precedente para os ativos nacionais mantidos na Europa. É isso que temos pensado. Mas vamos ver, porque entre teoria e prática ... particularmente quando se trata de política e dinheiro, sempre há complicações.

P: Quanto valem esses bens e onde estão?

R: Ainda não sabemos ao certo. Sei que temos (bens nacionais) em Andorra, Bulgária, Suíça, e na Espanha, é claro. Com base nas informações que conseguimos, acho que existem outros 5 bilhões por aí, pode ser de até 7 bilhões (...), mas é preciso ver na prática.

São bens de todos os tipos, e também esperamos acelerar a investigação e a recuperação do que foi roubado ou no que houve lavagem de dinheiro.

Esse reconhecimento deve acelerar todo o processo, porque lhe dá a autoridade para ir atrás de tudo isso.

P: Uma sentença favorável contribuiria para aumentar a legitimidade de Guaidó?

R: Deveria, mas com cuidado, resultar em mais reconhecimento diplomático. Deveria incentivar o reconhecimento de todos os diplomatas de Guaidó, mas nenhum país que o fez conseguiu manter sua embaixada em Caracas.

Os britânicos têm uma embaixada na Venezuela em pleno funcionamento e, para isso, precisam lidar com Maduro.

Eles deixaram bem claro que nunca solicitam reuniões com Maduro ou com o (ministro das Relações Exteriores Jorge) Arreaza, os encontram apenas quando são convocados.

P: Não deveria ser um acordo entre Maduro e o PNUD para que houvesse a garantia de que os fundos fossem usados corretamente?

R: Não existe plano com o PNUD, porque eles teriam que receber instruções sobre os fundos. Nós temos por escrito pelo PNUD que eles só podem negociar com quem comparece ao tribunal.

E o PNUD não pode receber instruções de Maduro, porque (a Venezuela) perdeu seu voto na ONU por não pagar suas cotas.


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