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Estado de Minas

EUA lembram fim da escravidão em meio a protestos contra o racismo


postado em 20/06/2020 07:43

Milhares de americanos encheram as ruas do país na sexta-feira com passeatas festivas ou silenciosas, para lembrar o 155° aniversário da abolição da escravatura, em pleno período de tensão e reflexão sobre a discriminação e o racismo sofrido pela comunidade negra.

Em Washington os manifestantes derrubaram durante a noite a estátua do general confederado Albert Pike, atearam fogo ao monumento e gritaram "as vidas dos negros importam", de acordo com imagens exibidas pelo canal ABC7 News.

"A polícia de Washington não está fazendo seu trabalho ao observar como uma estátua é destruída e queimada", escreveu o presidente Donald Trump no Twitter.

Muitas manifestações aconteceram de Nova York a Los Angeles por ocasião do "Juneteenth" (contração de junho com 19, em inglês), dia de 1865 em que os últimos escravos foram libertados no Texas.

A data é marcada com frequência por orações e encontros familiares, mas este ano a morte de vários negros pela polícia levou o país a lembrar o racismo que marcou seu passado e está impregnado na sociedade.

Centenas de pessoas denunciaram, diante do monumento em memória de Martin Luther King em Washington, "o racismo, a opressão e a violência policial", atendendo a um chamado das equipes locais de basquete.

Perto da Casa Branca, outro grupo de manifestantes passeava pela recém-batizada Black Lives Matter Plaza.

"Não poderemos eliminar todos os policiais racistas, mas queremos tirar a maioria deles e fazer com que prestem contas", disse Joshua Hager, 29. Sua companheira, Yamina Benkreira, desejou que a história dos negros seja mais bem ensinada, para que os jovens "tomem consciência" das discriminações.

O afro-americano George Floyd, 46 anos, foi morto em 25 de maio na ação de um policial branco em Minneapolis que o asfixiou durante quase nove minutos, com o joelho sobre seu pescoço, apesar das súplicas para conseguir respirar.

O vídeo da ação provocou protestos de costa a costa contra a injustiça racial e a brutalidade policial. "A triste verdade é que este não foi um caso isolado", disse o irmão de George Floyd, Philonise, durante reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre o racismo.

Milhões de pessoas saíram às ruas sob o lema "Black Lives Matter" (As Vidas dos Negros Importam).

Para inflamar ainda mais o cenário, um agente de Atlanta matou na semana passada um jovem negro ao atirar pelas costas quando ele fugia de um confronto com a polícia.

Assim como em Minneapolis, o agente foi demitido e acusado de assassinato. Os crimes levaram os parlamentares de vários estados americanos a aprovarem reformas das forças de segurança.

Em outro caso, o prefeito da cidade de Louisville, região central do país, anunciou a demissão de um policial envolvido na morte da enfermeira negra Breonna Taylor, assassinada em seu apartamento em março.

Milhares de manifestantes participaram em uma passeata que seguiu da ponte do Brooklyn de Nova York a Manhattan na sexta-feira, gritando os nomens de mulheres e homens negros assassinados pela polícia nos últimos anos.

O candidato democrata à presidência Joe Biden, que tem vantagem sobre Trump nas pesquisas mais recentes, afirmou que o dia recordou aos americanos que o país "é capaz de sofrer a pior violência e injustiça, mas também tem uma incrível capacidade para renascer de novo".

- Injustiça inimaginável -

O presidente Donald Trump denunciou a morte de Floyd e Brooks, mas com um forte discurso de "lei e ordem" e críticas aos manifestantes. O republicano organiza neste sábado um grande ato de campanha em Tulsa, Oklahoma. Ele causou indignação ao programar o comício para o 19 de junho e teve que adiá-lo.

Tulsa vive atormentada pelas lembranças de um dos piores distúrbios raciais da História. Ali, até 300 negros foram massacrados por uma multidão branca em 1921.

As autoridades esperam mais de 100.000 pessoas na cidade. O prefeito chegou a decretar toque de recolher na área do comício, mas anulou a medida.

Por ocasião do Juneteenth, Trump divulgou uma mensagem dirigida à comunidade negra americana, denunciando "a injustiça inimaginável da escravidão". Mas também lançou uma advertência no Twitter aos "manifestantes, anarquistas, saqueadores e delinquentes" que se dirigem a Tulsa. "Eles têm que entender que não serão tratados como em Nova York, Seattle ou Minneapolis. Será muito diferente!", afirmou, referindo-se a protestos violentos ocorridos naquelas cidades.

As manifestações das últimas semanas levaram os americanos a mergulhar na história de um país dilacerado pela escravidão, sistema que garantiu o seu desenvolvimento econômico. Grandes empresas, como Nike, Twitter e NBA, deram folga a seus funcionários hoje, para que comemorassem a data.

Apesar dos avanços alcançados pelo movimento pelos direitos civis nos anos 1950 e 1960, a minoria negra americana (13% da população) é a grande esquecida. Mais pobre e mais atingida por problemas de saúde, está sub-representada em nível político e sobrerrepresentada entre a população carcerária.


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