O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, alertou os europeus nesta sexta-feira (19) sobre os riscos de uma "dependência" da China que, segundo ele, ameaça as democracias ocidentais.
Em suas primeiras reflexões públicas desde sua conversa a portas fechadas com a autoridade chinesa Yang Jiechi no Havaí, Pompeo manteve seu posicionamento de denunciar Pequim como um "ator desonesto", empenhado em alcançar a dominação mundial.
"O partido comunista chinês quer nos obrigar a escolher" entre os Estados Unidos e a China, disse durante um discurso virtual na cúpula da democracia em Copenhague.
"Não podemos abarcar essas alternativas sem abandonar o que somos. As democracias que dependem de autoritarismos não são dignas do seu nome", disse Pompeo na Dinamarca, em videoconferência.
Na mesma linha, assegurou ter dito a Yang que os EUA estavam vigiando de perto as ações da China, incluindo seu recente e mortal confronto fronteiriço com a Índia.
"Os Estados Unidos estão se envolvendo em uma resposta à agressão do Partido Comunista chinês de uma maneira que não o fez nos últimos 20 anos ", declarou Pompeo fazendo referência à abordagem adotada pelo governo do presidente americano, Donald Trump.
Pompeo reiterou os apelos aos europeus para que evitem a gigante chinesa de telecomunicações Huawei, considerada por ele um braço do "estado de vigilância" comunista.
Também disse que Pequim "ataca flagrantemente a soberania" através de seus investimentos portuários na Grécia e Espanha.
"Precisamos tirar as vendas e ver que o desafio da China (...) está em todas as capitais", afirmou. "Todo investimento de uma empresa estatal chinesa deve ser visto com desconfiança".
- Diálogo europeu -
Pompeo se mostrou especialmente crítico na avaliação da resposta chinesa à epidemia de coronavírus.
Em seu discurso em Copenhague, acusou Pequim de "mentir sobre o coronavírus e deixar que se espalhasse pelo resto do mundo".
A China, assim como críticos de Trump nos EUA, afirma que o governo americano procura bodes expiatórios para esconder suas próprias falhas na resposta à COVID-19, que matou mais pessoas nos EUA do que em qualquer outra nação do mundo.
Pompeo também renovou suas críticas à China sobre um projeto de lei de segurança em Hong Kong e sobre a prisão em massa de um milhão de uigures e outros muçulmanos turcos, classificando essas prisões como "uma violação aos direitos humanos em uma escala não vemos desde a Segunda Guerra Mundial".
Outra preocupação de Pompeo esteve centrada na conversa virtual de segunda-feira entre a China e os 27 ministros das Relações Exteriores da UE.
O chefe de política externa da UE, Josep Borrell, apontou que os EUA e os europeus devem estabelecer um diálogo especial para discutir suas abordagens à China.
Os europeus tiveram uma reação mista aos apelos dos EUA para tomarem uma posição mais dura com a China.
No entanto, Pompeo disse que viu sinais esperançosos, embora tenha pedido mais declarações europeias: "Não deixemos nenhuma confusão sobre a escolha que estamos fazendo. Vamos escolher a liberdade!"
Apesar do tom feroz de Pompeo, o ex-assessor de segurança nacional de Trump, John Bolton, escreveu em um novo e polêmico livro que o presidente pediu ajuda a seu colega chinês Ji Jinping para ser reeleito e aprovou os campos de prisão uigures.
Pompeo chamou seu ex-colega de "traidor".