(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas BARBáRIE E REVOLTA

Racha no governo Trump

Secretário de Defesa dos EUA discorda do uso do Exército para barrar protestos, como defende presidente. Promotoria quer mais rigor contra policial ligado à morte de Floyd


postado em 04/06/2020 04:00 / atualizado em 03/06/2020 23:16


Em Washington, barreira de segurança contém manifestantes, no nono dia de mobilizações gigantescas em cidades norte-americanas (foto: OLIVIER DOULIERY/AFP)
Em Washington, barreira de segurança contém manifestantes, no nono dia de mobilizações gigantescas em cidades norte-americanas (foto: OLIVIER DOULIERY/AFP)



No mesmo dia em que o promotor que investiga a morte de George Floyd endureceu as acusações contra o policial que o asfixiou e decidiu também processar mais três agentes presentes no incidente, a repressão à onda de protestos que se seguiu abriu uma crise entre o presidente republicano Donald Trump e seu secretário de Defesa, Mark Esper. Ele declarou ontem que não concorda com o envio de militares para frear as manifestações contra o racismo, que geraram atos de vandalismo pontuais e brutal repressão da polícia.

A cinco meses das eleições presidenciais, as imagens do policial branco Derek Chauvin pressionando durante nove minutos com o joelho o pescoço de Floyd, um afro-americano, atiçaram o debate sobre o racismo e a violência das forças de segurança. A indignação com o crime cometido em 25 de maio, em Minneapolis, motivou mobilização que não era vista em décadas nos Estados Unidos, com protestos pacíficos gigantescos em grandes cidades como Washington, Nova York, Houston e Los Angeles. Ontem, houve atos de milhares em Londres, capital inglesa.

No entanto, à margem das manifestações, saques e confrontos levaram as autoridades a impor toque de recolher em vários centros urbanos. Nos últimos dias foram detidas 9 mil pessoas em todo o país. A dimensão que não era registrada desde a década de 1960, durante os protestos pelos direitos civis.

Pressionado, Trump ameaçou mobilizar militares para "resolver rapidamente a situação", provocando uma onda de críticas. O chefe do Pentágono marcou uma distância em relação a essa opinião, afirmando ser contrário a ela. "Eu não apoio o uso da Lei da Insurreição", disse Esper, que acredita que as tropas "devem ser usadas apenas como último recurso, e apenas nas situações mais urgentes e sérias".

Em entrevista coletiva, o secretário de Defesa invocou o emprego da Guarda Nacional. "Sempre acreditei e continuo acreditando que a Guarda Nacional é mais adequada para fornecer apoio interno às autoridades civis nessas situações", afirmou.

Esper fez referência também à polêmica ocorrida depois que Trump reprimiu uma manifestação pacífica em frente à Casa Branca na segunda-feira para evacuar a área e posar com uma Bíblia em frente a uma igreja que foi danificada após uma manifestação no fim de semana. Esper admitiu que foi um erro posar ao lado de Trump. "Faço o possível para permanecer apolítico e evitar situações que possam parecer políticas", afirmou.
 
 
Depois de Paris, Londres também foi às ruas protestar pela ação que matou afro-americano em Minneapolis(foto: DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP)
Depois de Paris, Londres também foi às ruas protestar pela ação que matou afro-americano em Minneapolis (foto: DANIEL LEAL-OLIVAS/AFP)
 
RISCO 

O Departamento de Defesa americano anunciou que irá investigar o uso de um helicóptero médico militar com uma cruz vermelha para intimidar e amedrontar manifestantes em Washington. O aparelho voou na segunda-feira a uma altura bem baixa e deixou cair resíduos sobre as pessoas que protestavam, uma tática usada por militares em guerra para forçar a dispersão de multidões. O secretário de Defesa reconheceu que a aeronave não estava em missão médica e que seus movimentos pareciam perigosos. "Há relatórios contrastantes. Precisamos de que o Exército realize sua investigação e verifique como os fatos ocorreram", declarou Esper.





Daqui para o futuro

Pena mais grave


O agente Derek Chauvin, que na semana passada foi acusado de homicídio culposo, será processado também por homicídio sem premeditação, uma acusação que se soma às existentes e é punida com penas mais severas. Possível condenação chegaria até a 40 anos de prisão. Além disso, o promotor acusará mais três policiais que estavam no local, que responderão por ajudar e instigar o crime. A família de Floyd, que havia pedido penas mais duras e que responsabilizou todos os policiais presentes no momento de sua morte, comemorou a decisão por meio de seu advogado, Ben Crump: "Este é um passo importante rumo à justiça".


ONU: líderes têm e conter racismo


Os Estados Unidos sofrem um "racismo estrutural", declarou ontem a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que ainda denunciou o que considera "agressões sem precedentes" contra os jornalistas na atual crise política.

"As vozes que reclamam o fim do assassinato de afro-americanos devem ser escutadas. As vozes que reclamam o fim da violência policial devem ser escutadas. As vozes que pedem o fim do racismo endêmico e estrutural e que persiste na sociedade norte-americana devem ser escutadas", cobrou, ao comentar o episódio envolvendo George Floyd.

Bachelet enfatizou a necessidade de condenação objetiva das lideranças norte-americanas à morte. "Precisamente, em uma crise é quando o país necessita que seus líderes condenem sem ambiguidades o racismo, para que possam refletir sobre o que levou o povo ao ponto de ebulição, para escutar e aprender, e tomar medidas que realmente eliminem as desigualdades", declarou.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)