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Estado de Minas

Governo afegão libertou 900 talibãs e espera extensão do cessar-fogo


postado em 26/05/2020 14:19

O governo afegão libertou, nesta terça-feira (26), cerca de 900 prisioneiros do Talibã, com a esperança que os insurgentes prolonguem o cessar-fogo declarado no sábado e que acaba hoje.

Um jornalista da AFP presenciou a libertação de uma centena de detentos da prisão de Bagram, a 60 km de Cabul.

"Me sinto feliz em estar livre. Vou encontrar minha família depois de oito longos anos", disse Abdul Wasi, de 27 anos, da província de Kandahar (sul).

"Queremos um cessar-fogo permanente no país. Se as tropas estrangeiras forem embora, não lutaremos mais", acrescentou.

"Não sei o que farei no futuro, mas farei tudo para servir ao Islã", declarou, por sua vez, Qari Mohammadullah, que afirma ter perdido o pai e a filha única, que morreu de doença durante seus oito anos e dois meses atrás das grades.

Ao todo, cerca de 900 prisioneiros foram libertados nesta terça-feira, segundo o tenente-coronel Nazifullah Walizada, que supervisionava a operação do Ministério da Defesa.

Essas solturas buscam "promover a causa da paz, incluindo o prolongamento do cessar-fogo", tuitou o Conselho de Segurança Nacional.

"Esperamos que o Talibã estenda o cessar-fogo para que possamos iniciar o processo de paz", disse Faisal em entrevista coletiva.

"O futuro depende da próxima decisão do Talibã", apontou.

Contactados pela AFP, os insurgentes se mostraram otimistas. Uma primeira fonte anunciou que 200 prisioneiros pertencentes às "forças da administração de Cabul" serão "libertados nos próximos dias".

Mais tarde, outra fonte insurgente apontou que "é muito provável que eles estendam o cessar-fogo por sete dias, se o governo acelerar a libertação de prisioneiros (...). Quase todos os nossos líderes concordam com isso", acrescentou.

No entanto, Zabihullah Mudjahid, porta-voz oficial do Talibã, declarou "não dispor de nenhuma informação" a esse respeito.

Os rebeldes, que durante semanas multiplicaram os ataques mortais contra as forças afegãs, surpreenderam no sábado decretando uma trégua unilateral para que seus concidadãos "pudessem comemorar em paz e bem-estar" o Eid al-Fitr, a celebração que marca o fim do Ramadã, o mês do jejum sagrado muçulmano.

- 'Boa vontade' -

O presidente afegão, Ashraf Ghani, imediatamente aceitou esta oferta.

No domingo, lançou "um procedimento para a libertação de até 2.000 prisioneiros do Talibã, em um gesto de boa vontade, em resposta ao anúncio de cessar-fogo dos insurgentes", segundo seu porta-voz, Sediq Sediqqi.

Faisal, por sua vez, disse que 100 prisioneiros do Talibã foram libertados na segunda-feira, e que todos os dias haveria outros 100, "até chegar a 2.000", antes da decisão de libertar 900 num único dia.

Essas libertações de prisioneiros, até 5.000 talibãs contra 1.000 soldados das forças afegãs, estão previstas no acordo assinado em Doha, em 29 de fevereiro, entre Washington e o Talibã, mas não ratificado por Cabul.

Antes do cessar-fogo, Cabul libertou cerca de 1.000 detidos, contra cerca de 300 pelos insurgentes.

O acordo também prevê a retirada em 14 meses das forças estrangeiras destacadas no Afeganistão, com a condição de que o Talibã cumpra seus compromissos de segurança e encete negociações com o governo afegão sobre o futuro do país.

Os EUA e o Paquistão, outro ator regional, querem que o diálogo comece após a libertação de 2.000 prisioneiros, mas os talibãs não o iniciará até que haja 5.000.

Este primeiro cessar-fogo por iniciativa dos insurgentes desde que foram expulsos do poder em 2001, foi respeitado nos dois primeiros dias, exceto por confrontos isolados.

Uma trégua parcial foi observada de 22 de fevereiro a 2 de março, quando o acordo de Doha foi assinado.


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