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Estado de Minas

Dependente do Brasil, indústria açucareira sofre queda por crise do petróleo


postado em 23/05/2020 12:31

Após dois anos desastrosos, a indústria açucareira pensava que havia se recuperado. Mas com a pandemia da COVID-19 e o colapso do mercado petroleiro, tudo voltou a apresentar queda e há uma ameaça ao equilíbrio mundial do setor, que depende bastante do Brasil.

Desde que a pandemia começou, "o açúcar perdeu um terço de seu valor no mercado mundial", explica Timothé Masson, economista do sindicato francês de beterrabas, o CGB.

É um fato terrível para os industriais de açúcar, especialmente para os europeus, que foram convencidos a retomar as atividades depois de um ano marcado por queda de preços e fechamento de fábricas.

Em meados de fevereiro, a libra do açúcar bruto havia subido para 15 centavos de dólar em relação ao dólar americano, caindo recentemente para 8 centavos e depois subindo para 10 centavos.

"O ponto principal da crise está relacionado principalmente à crise do petróleo, o que torna mais interessante produzir açúcar para o mercado mundial no Brasil (...) do que o etanol doméstico, que afundou completamente por causa do petróleo", ressalta Masson à AFP.

Outro fator que impulsionou as exportações brasileiras de açúcar para a safra 2020-2021 "é a desvalorização do real em relação ao dólar", segundo relatório recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

"A perspectiva é que essa taxa de câmbio continue apoiando a competitividade do açúcar brasileiro no mercado externo", afirmou o relatório, que explica que a produção brasileira de açúcar chegaria a 35,3 milhões de toneladas, com aumento de 18,5% em relação a safra anterior.

Desde o início da pandemia, o real brasileiro perdeu 30% do seu valor em relação ao dólar, a moeda do mercado mundial de açúcar.

"Isso significa que, a curto prazo, os brasileiros estão muito mais competitivos, podem vender (o açúcar) mais barato no mercado mundial em dólares e terão a mesma quantidade em reais", disse Masson.

Uma tendência que preocupa outros países produtores de açúcar, como a África do Sul ou a Tailândia, ressalta.

- A ameaça monetária brasileira -

No entanto, essa perspectiva não preocupa a Cristal Union, o segundo maior produtor francês de açúcar, afirma o CEO da empresa, Alain Commissaire.

"Já havíamos anunciado em dezembro, em nossas reuniões internas e com os produtores, que tínhamos mudado nosso modelo de negócios para ser mais europeu, mais flexível, mais ágil e estar menos no mercado mundial", explica à AFP.

Algo semelhante acontece na Alemanha, na SüdZucker, a maior empresa de açúcar do mundo, onde também apontam que, ao contrário do mercado global, os preços europeus não caem: enquanto sofreram queda para 300 euros a tonelada na UE no último ano, no final de fevereiro eles ficaram em 370 euros", e o aumento dos preços continua", diz um porta-voz do grupo.

A principal preocupação dos produtores de açúcar é o etanol: "O Brasil inevitavelmente produz etanol. Não seria conveniente enfrentarmos uma pressão anormal em nossos mercados, pelo fato do real estar desvalorizado e que o excedente acabe na Europa. Isso pode ser um problema real para nós ", diz Commissaire.

Cerca de um quarto das beterrabas é destinado ao açúcar produzido na França, onde é bastante produzido em comparação com o resto da Europa, representando somente 8% no mercado mundial.

"Pedimos que uma cláusula de proteção seja examinada na Europa, para evitar que uma torrente possa vir do Brasil ou dos Estados Unidos", argumenta Commissaire, que considera a ameaça brasileira muito maior.

"No começo do ano, eram necessários 3,5 reais para obter um dólar, hoje estamos em 5,5, 5,7, e os bancos projetam 7,5 no verão", explica.

"Isso significa que não apenas açúcar, mas que todo o setor agrícola será 'impactado' com o que acontece no Brasil", alerta.


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