As autoridades alemãs expressaram "dúvidas" sobre a explicação dada pelos líderes americanos de que o novo coronavírus vem de um laboratório da cidade chinesa de Wuhan - informou a imprensa local, nesta sexta-feira (8).
Em um relatório confidencial, o serviço alemão de Inteligência BND classifica essas explicações como uma tentativa do presidente Donald Trump de "desviar a atenção de seus próprios erros e direcionar a raiva de seus compatriotas para a China", relata a revista "Der Spiegel" em sua página on-line, citando uma nota à ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp Karrenbauer.
Questionado pela AFP, um porta-voz do Ministério não confirmou a existência dessa nota.
Donald Trump vinculou o vírus ao laboratório chinês no início de maio, pela primeira vez, quando ameaçou a China com "impostos alfandegários punitivos" - mesmo estratégia adotada no conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo e que se arrastou por meses.
Na quarta-feira, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, garantiu que os Estados Unidos têm "enormes evidências" de que o vírus escapou de um laboratório de virologia situado em Wuhan, berço da pandemia. Ele reconheceu, porém, que "não temos certeza".
A televisão chinesa na segunda-feira classificou de "insanas" as acusações contra o país, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) denunciou declarações "especulativas" sem fundamento.
Segundo a grande maioria dos pesquisadores, o coronavírus foi transmitido ao homem por um animal. Cientistas chineses apontaram para um mercado em Wuhan, onde eram vendidos animais selvagens vivos.
A China nega estar omitindo informações sobre o novo coronavírus.
Nesta sexta, Pequim disse apoiar a criação, "depois que a pandemia recuar", de uma comissão liderada pela OMS para avaliar "a resposta global" à COVID-19.