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Estado de Minas

Iraque consegue formar governo em meio à crise social e econômica


postado em 07/05/2020 11:07

Depois de cinco meses de vácuo de poder, o Iraque conseguiu, nesta quinta-feira (7), formar um governo que herdará uma economia estagnada, relações diplomáticas reduzidas a um nível mínimo e a ameaça de novas manifestações em protesto pelas medidas de austeridade.

Diante dos deputados de máscara e luvas, em função da COVID-19, doença que deixou 102 mortos no Iraque, Mustafa al-Kazimi, de 53 anos, ex-chefe de Inteligência com contatos em Washington e em Teerã, prestou juramento com 15 de seus ministros.

Os cruciais e cobiçados Ministérios das Relações Exteriores e do Petróleo ainda não foram ocupados, assim como outras cinco pastas. O Iraque é o segundo país produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O novo governo terá de resolver questões-chave, como o desemprego generalizado provocado pelo confinamento e pela queda da receita com petróleo, assim como a proposta de imprimir dinares iraquianos, o que faz temer uma desvalorização em massa.

Trata-se da primeira mudança de governo antecipada desde que, em 2003, os americanos derrubaram Saddam Hussein. Com isso, o país espera deixar para trás o mandato de um ano e meio de Adel Abdel Mahdi.

Este político independente de 77 anos, sem partido, ou apoio popular, seria o homem do consenso e da reconstrução do país, devastado entre 2014 e 2017 pela guerra contra o grupo Estado Islâmico (EI).

Sua gestão será lembrada, porém, como a que acentuou os problemas do país ainda mais.

A economia do Iraque, um país muito dependente do petróleo, continua em péssimo estado, enquanto a repressão da "revolta de outubro" deixou mais de 550 mortos.

Na frente econômica, o país vive uma grave crise e terá agora de cortar os salários de seus milhões de funcionários, o que pode deflagrar protestos.

O PIB se contraiu 9,7%, e a taxa de pobreza de 20% pode dobrar em 2020, segundo o Banco Mundial.

Em abril, a receita do país com petróleo foi de 1,4 bilhão de dólares.

- "Diálogo estratégico" -

Kazimi também deve retomar o diálogo com os Estados Unidos, cujas tropas estão sob uma ordem de expulsão do Parlamento, mas que nunca foi aplicada.

Em junho, está previsto um "diálogo estratégico" com Washington, com a presença de uma delegação americana em Bagdá.

Depois do anúncio da formação do novo governo, Washington pareceu estender a mão.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, telefonou para o primeiro-ministro para anunciar a prorrogação de quatro meses das isenções que permitem ao Iraque comprar energia iraniana, escapando, assim, das sanções americanas.

Em janeiro, os Estados Unidos estiveram muito perto de levar o Iraque ao caos absoluto.

Em resposta aos foguetes contra seus soldados e pessoal diplomático, Washington assassinou o general iraniano Qassem Soleimani, perto do aeroporto de Bagdá.

Poucos dias depois, houve disparos de mísseis balísticos iranianos que fizeram temer um conflito na região.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, que felicitou Kazimi em um tuíte, costuma enviar emissários a Bagdá toda vez que um governo assume. O objetivo é preservar seus interesses no país vizinho.

Kazimi chega ao poder com um orçamento de 2020 que ainda precisa ser aprovado. Com a queda vertiginosa do preço do petróleo, a única fonte de divisas do país, seu governo terá de ser austero.

Essa situação pode levar a uma outra revolta, como a de outubro. Desde então, alguns manifestantes permanecem na praça Tahrir, de Bagdá.

Os protestos pediam uma mudança total do sistema e dos políticos. Kazimi lhes prometeu eleições antecipadas que ainda parecem distantes. Já o primeiro-ministro em final de mandato precisou de cinco meses para deixar o cargo, apesar de sua demissão.


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