Jornal Estado de Minas

Uma dúzia de militares são afastados na Colômbia por escândalo de escutas ilegais

Uma dúzia de oficiais, incluindo um general, foram excluídos do Exército da Colômbia devido a um escândalo de supostas escutas ilegais envolvendo políticos, jornalistas e juízes, anunciou nesta sexta-feira o Ministério da Defesa.

"Hoje, serão afastados do cargo e excluídos do serviço ativo 11 oficiais; um brigadeiro-general solicitou sua exclusão voluntária do serviço ativo", informou o ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, durante entrevista coletiva em Bogotá.



Segundo o ministro, os militares, cujos nomes e patentes não revelou, deixam a instituição em consequência de investigações disciplinares internas devido ao "uso irregular das capacidades de inteligência militar".

As investigações começaram em janeiro, após a divulgação, naquele mesmo mês, pela revista "Semana", de indícios e depoimentos que comprometem efetivos do Exército na interceptação de telefonemas e e-mails de personalidades sem ordem judicial e com supostos fins políticos.

Um dos militares envolvidos no escândalo disse à imprensa que recebeu a ordem de entregar a informação colhida sobre uma juíza "a um político reconhecido do Centro Democrático", partido no poder, liderado pelo senador e ex-presidente Álvaro Uribe (2002-10).

O governo de Iván Duque questionou qualquer ilegalidade e anunciou um inquérito interno, concluído no fim de março, explicou hoje o comandante das forças militares, general Luis Fernando Navarro, segundo o qual foi realizada uma adequação dos protocolos de inteligência, trabalho acompanhado por mais de 100 especialistas e "validadores" nacionais e internacionais.

Quando as irregularidades foram reveladas, a procuradoria anunciou a abertura de investigações penais.

Escândalos de interceptações ilegais envolvendo autoridades colombianas não são uma novidade. O antigo Departamento Administrativo de Segurança (DAS), que respondia à presidência, viu-se envolvido, durante o governo Uribe, em um escândalo de escutas irregulares de juízes da Suprema Corte, opositores e jornalistas.