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Estado de Minas

Lutar apesar do medo, o combate de um advogado chinês recém-libertado


postado em 24/04/2020 08:25

Ele lutará para reencontrar sua família, apesar do medo de falar. Após cinco anos de prisão, o advogado chinês Wang Quanzhang, condenado por "subversão", acusa o regime comunista de usar o coronavírus como pretexto para impedir seus direitos.

Preso em 2015 durante uma operação contra cerca de 200 defensores dos direitos humanos, o advogado de 44 anos foi o último a ser libertado. Ele deixou a prisão no início de abril, mas ainda não conseguiu se reunir com sua esposa e filho.

"Agora eles usam a epidemia como pretexto para limitar minha liberdade de movimento", diz Wang, que ficou em quarentena após sua libertação da prisão.

Embora os 14 dias de quarentena tenham terminado, as autoridades ainda não o autorizam a deixar sua cidade natal, Jinan (leste), para retornar à sua casa em Pequim, 400 quilômetros ao norte, apesar de cinco testes negativos para o coronavírus.

"Sem dúvida, vou lutar. Não posso aceitar isso, não me encontrar com a minha família", afirmou em entrevista realizada virtualmente com a AFP.

Envelhecido e cansado, com forte tosse durante a entrevista, o advogado não quer falar sobre suas condições de detenção, ou sobre as acusações de tortura apresentadas por colegas no exterior.

"Minha liberdade de expressão tem limites", resume. "Muitas pessoas me perguntam, mas eu não quero responder. Estou com medo porque me acusaram de vazamentos no passado".

O advogado, que diz ter pressão alta, explica que está tendo problemas para se recuperar do tempo que passou atrás das grades.

"Sinto dificuldade em respirar depois de uma curta caminhada. Pensei que meu corpo se recuperaria rapidamente da prisão, mas agora percebo que não. Não tenho muita energia", confessa.

Wang Quanzhang, que havia defendido ativistas políticos e agricultores, cujas terras lhes foram tiradas, foi condenado no início de 2019 a quatro anos e meio de prisão por subversão, ao final de um processo a portas fechadas.

- Apoio do exterior -

Durante sua detenção, sua esposa, Li Wenzu, fez o possível para chamar a atenção internacional para o destino de seu marido, chegando ao ponto de raspar seus cabelos.

Em 2018, ela foi recebida por Angela Merkel durante uma visita da chanceler alemã a Pequim.

Wang Quanzhang diz estar "muito agradecido" e "extremamente comovido" pelo apoio que recebeu no exterior.

"Isso deu à minha esposa e minha família muito conforto e incentivo durante esse longo e difícil ano", diz.

"Esse apoio provavelmente me permitiu ter mais segurança e melhor saúde", completou.

Wang pôde receber sua primeira visita na segunda-feira, a de seu advogado Xie Yang, e no dia seguinte a de sua irmã. E conseguiu recuperar seu telefone celular.

O Departamento de Estado americano pediu à China, na segunda-feira, que devolva ao advogado sua "liberdade de movimento" para que ele possa, entre outras coisas, reunir-se com sua esposa e filho.

Pequim respondeu rejeitando o que considera uma interferência em seus assuntos internos.

Sua esposa não quer se arriscar a visitar Jinan, pois teme que possa ser colocada em prisão domiciliar com o marido.

Segundo ela, as autoridades bloqueiam o retorno de Wang Quanzhang, porque temem que os "maus-tratos infligidos durante sua detenção venham à tona".

A polícia local não comentou essas informações.


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