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Estado de Minas

Alerta para escassez de oxigênio para pacientes da COVID-19 em países pobres


postado em 22/04/2020 11:30

Nos países pobres da África e do sul da Ásia, os médicos enfrentam a falta do elemento crucial para salvar os pacientes em estado grave da COVID-19: o oxigênio.

Enquanto nos hospitais dos países ricos, a pandemia provocou um aumento da demanda de respiradores artificiais, os especialistas alertam contra o pensamento exclusivo neste instrumento de alta tecnologia e em deixar de lado o oxigênio, básico em todas as Unidades de Terapia Intensiva.

"A realidade é que o oxigênio é a única terapia que salvará vidas na África e na Ásia-Pacífico nesta fase", declarou Hamish Graham, pediatra e pesquisador do hospital universitário de Melbourne.

"E temo que a concentração excessiva nos respiradores provoque mortes", afirmou à AFP.

De acordo com um relatório publicado em fevereiro com base e milhares de casos na China, quase 20% dos pacientes da COVID-19 precisaram de oxigênio.

O novo coronavírus ataca os pulmões, provoca problemas respiratórios agudos e leva a uma perigosa queda do nível de oxigênio no sangue.

"Nos hospitais dos países ricos, o oxigênio é algo considerado certo", explica o doutor Graham. Mas no resto do mundo, "os profissionais da saúde estão perfeitamente conscientes do problema, pois lutam diariamente para poder fornecer oxigênio a seus pacientes".

- "Você se sente inútil" -

Grandes estabelecimentos em países em desenvolvimento possuem cilindros de oxigênio nos blocos operatórios, além de "concentradores", aparelhos portáteis que permitem filtrar e purificar o ar ambiente.

Mas os estudos mostram que menos da metade dos hospitais na África e Ásia-Pacífico dispõem de oxigênio permanentemente, de acordo com Graham. E ainda menos contam com oxímetros de pulso, um pequeno dispositivo colocado na ponta do dedo para medir a concentração de oxigênio no sangue.

A preocupação não é nova para aqueles nestes países que tratam pneumonia, a doença infecciosa mais letal entre menores de cinco anos.

Na Nigéria, por exemplo, a situação em algumas regiões é "muito inquietante", de acordo com Adamu Isah, da ONG Save the Children.

"É comum ver as crianças sofrerem e se afogarem", explica o médico à AFP. "Você se sente inútil. Você não pode fazer muito sem oxigênio."

"Os sistemas de saúde na África e no sul da Ásia não poderiam estar mais expostos a uma pandemia como esta: não investiram em terapias respiratórias", constata Leith Greenslade, coordenadora da coalizão 'Every Breath Counts'. "É assustador".

Apesar da morte anual de 800.000 crianças vítimas da pneumonia no mundo, a doença não recebe a mesma atenção que a aids, malária ou tuberculose.

E as autoridades de saúde mundiais "pularam completamente" o oxigênio, de acordo com Greenslade.

- "Às cegas" -

"A falta de dados mundiais sobre seu abastecimento será um problema maior para responder à COVID-19 porque estamos às cegas, não sabemos quais países precisam mais que outros", completa.

Até o momento, a pandemia atingiu relativamente a África e alguns países asiáticos. Greenslade acredita que isto permite contar "provavelmente com uma janela de dois meses" para a ação.

"Como em todos os países, a curva deve ser achatada (da evolução da pandemia), mas se os os hospitais não têm leitos nas UTIs - ou muito poucos, como em Malauí, onde há 25 para 17 milhões de habitantes - não funcionará", destaca Gwen Hines, da Save the Children.

Esta organização trabalha justamente no Malauí - onde foram confirmados alguns casos - para tentar alimentar com energia solar concentradores de oxigênio, devido à intermitência do abastecimento de energia elétrica.

Os especialistas temem que em plena crise mundial a comunidade internacional não atue de modo suficientemente rápido nos países pobres.

"Temo que se esta pandemia durar mais de dois meses, nós vamos enfrentar problemas muito graves", alerta Isah.

"Europa e Estados Unidos podem ter a capacidade para enfrentar as necessidades, mas este não é o caso da África, nem sequer em tempos de paz", conclui.


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