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Estado de Minas

Coronavírus é oportunidade para grupos mafiosos, segundo Saviano


postado em 11/04/2020 11:55

Grupos mafiosos italianos poderiam tirar proveito do coronavírus e da situação dos mais pobres para comprar sua lealdade doando comida e concedendo empréstimos sem juros, alerta o jornalista e escritor Roberto Saviano.

A máfia também quer aproveitar o colapso da economia italiana, a terceira da Europa, para comprar empresas em dificuldades, diz o autor de "Gomorra", um livro sobre a Camorra, a máfia de Nápoles.

"A máfia só espera isso, uma crise", para controlar empresas em dificuldades por meio de novos sócios relacionados a organizações criminosas, disse Saviano em uma videoconferência na semana passada com a mídia.

"Você se torna sócio [das organizações da máfia], entra nos negócios", explica Saviano. "Não é que recebam ameaças com uma pistola, mas são os próprios consultores financeiros [das empresas] que em algum momento" os aconselham a fazê-lo, segundo ele.

Em "Gomorra", o escritor narra como a Camorra não apenas se envolve em atividades criminosas tradicionais, como o tráfico de drogas, mas também penetra na economia tradicional, em setores como moda ou reciclagem.

Os grupos mafiosos italianos têm uma grande influência em vários setores cruciais para a economia, como construção, agricultura, hotéis ou energia eólica.

"Se a Europa não intervir, a multiplicação do dinheiro da máfia que já está na Alemanha, França, Espanha, Holanda ou Bélgica ficará fora de controle", alerta Saviano.

Os grupos mafiosos de Nápoles estão distribuindo comida para os mais pobres e, por ordem da Camorra, os credores cancelaram os juros das dívidas.

"Qual o objetivo? Obter serviços" em troca, garante o jornalista, que atualmente mora em Nova York e tem proteção policial desde 2006, quando recebeu ameaças após a publicação de "Gomorra".

Esses serviços podem ser o voto em candidatos relacionados à máfia ou emprestar seus nomes para uso em contratos, explica Saviano.

Nesta semana, o jornal alemão Die Welt provocou polêmica na Itália, alegando que a Máfia espera "mais uma chuva de dinheiro de Bruxelas".

O Die Welt critica o envio "sem limites" e "sem controle" da ajuda europeia à Itália, em um contexto de tensões entre Berlim e Roma sobre a ajuda europeia aos países do Sul, duramente atingidos pela pandemia.

Mas Saviano pensa que o oposto acontece: é a falta de dinheiro que favorece a máfia e atrai os mais pobres para ela.

Mesma ideia do prefeito de Nápoles, Luigi de Magistris. "Os criminosos têm dinheiro, não se importam com a burocracia e sabem em que porta devem bater, são muito rápidos, eficazes e concretos", disse recentemente à AFP.

"É uma corrida. Se chegam primeiro, temos o risco de contágio que também será criminoso, em Nápoles, mas também no resto da Itália", acrescentou.

A ministra do Interior da Itália, Luciana Lamorgese, anunciou em entrevista ao Corriere della Sera na sexta-feira um decreto que permitirá aos representantes do governo monitorar "situações de risco de infiltração criminal".

"Muitos trabalhadores precários e temporários estão sofrendo com a crise (...) e podem se tornar uma reserva de trabalho para o crime, principalmente no sul" pobre da Itália, alertou.

Os Estados membros da UE acordaram na quinta-feira à noite um pacote de ajuda de meio trilhão de euros para apoiar Estados, empresas e desempregados afetados pelo coronavírus, bem como a criação de um fundo de recuperação.

ams-ljm/ng /roc/pc/es/mr


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