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Estado de Minas

Chefão da FIA pede "mudança de prioridades" após crise do coronavírus


postado em 09/04/2020 14:31

O francês Jean Todt, presidente da Federação Internacional do Automóvel (FIA), espera por uma "mudança de prioridades", tanto no esporte automotivo como social, após a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus no mundo.

- Como o senhor está vivendo este período de confinamento?

"Posso dizer que estou bem, levando em consideração o motivo de estarmos fazendo isso, mas temos que tirar lições. Às vezes me incomodo diante da importância que damos a coisas como armas nucleares, ir à lua, a carros autônomos... Tenho novamente a confirmação que o mais desconhecido e o menos controlado é o ser humano. Fala-se de um novo vírus, mas há muitas outras doenças que não sabemos curar, como o câncer, a leucemia, Parkinson, Alzheimer... É um dos motivos pelo qual, junto com o professor Gérard Saillant, criamos o Instituto do Cérebro e da Medula Espinhal em Paris. Espero uma mudança de prioridades e que demos mais importância à investigação médica."

- O senhor fala de um 'New Deal' após a crise...

"O 'New Deal' significa que quando tudo voltar à normalidade, as coisas terão mudado. É preciso aproveitar esta oportunidade. Neste momento estamos confinados. Se adotássemos a mesma atitude e responsabilidade nas ruas, haveria menos mortes, menos contaminação. Isso também faz parte."

- Quais problemas a FIA enfrenta neste momento?

"Primeiro, vamos ver como reagem nossos membros aos problemas que tudo isso traz, principalmente financeiros. Também temos nossas competições, com essa enxurrada de cancelamentos e adiamentos. É preciso repensar os calendários e saber quando poderemos reiniciar tudo a nível logístico e intelectual. E mesmo se houver todas as condições para realizar um Grande Prêmio, há vontade de fazê-lo? É fundamental tirarmos lições disso tudo. A competição no automobilismo, começando pela Fórmula 1, é muito cara. Já tomamos medidas neste sentido, mas a pandemia complica assumir estes custos. Com o risco de perder equipes, construtores. É preciso ser responsável e colocar em prática soluções mais aceitáveis."

- O que quer dizer com isso?

"Na F1, o novo regulamento técnico foi adiado de 2021 para 2022 e o teto financeiro (máximo de gastos de uma escuderia no ano) vai cair. Será inferior a 175 milhões de dólares, mas nem tudo está incluído neste limite. Estamos trabalhando nisso."

- Na F1 parece ainda mais complicado, já que cada escuderia defende seus próprios interesses....

"Continua sendo complicado. Apesar de tudo, percebemos uma abertura, então não vamos deixar passar esta oportunidade. Mas é pequena. Com nossos amigos da Formula One (promotora da F1) tomaremos as decisões."

- Quando serão retomadas as competições?

"Podemos dizer que voltaremos a uma vida normal no fim de junho, início de julho, mas atualmente tudo é suposição. Estamos neste período de reflexão, na qual todas as possibilidades estão abertas."

- Corre-se o risco de desvalorizar as competições ao ter que encurtá-las?

"Não sei se podemos dizer isso. O ano de 2020 será um ano negro que nunca pensamos em viver e espero que não voltaremos a viver. Poderemos fazer uma balanço ao fim do ano, mas agora é cedo demais. Não podemos dizer quando começará o campeonato, espero que o quanto antes."

- O cancelamento no limite do GP da Austrália de F1, o primeiro da temporada, foi muito criticado. Qual sua opinião?

"As pessoas dizem que não deveríamos ter ido, mas não vejo as coisas assim. Não havia motivo para não ir à Austrália. Por outro lado, quando já estávamos lá, as coisas aceleraram tão rapidamente que decidimos não correr. No mesmo fim de semana, os francês saíram às ruas para votar (eleições municipais). É muito fácil criticar, o mundo está cheio de conselheiros e acho que as pessoas poderiam ser um pouco mais humildes para entender melhor as coisas."

- Serão disputadas corridas virtuais para substituir as reais. Como o senhor vê essa iniciativa?

"Somos muito favoráveis há muito tempo. A FIA criou um grupo de trabalho e-Sport que se tornará uma comissão. Sou um pouco velho para os videogames, prefiro assistir a uma corrida de verdade, mas é uma maneira sociável e simpática de participar e acredito que será algo que vai crescer muito. Contudo, existe um risco um pouco perigoso de isolamento. É preciso encontrar a medida certa."


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