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Estado de Minas

Unidade contra a pandemia desperta a "inexistente" sociedade britânica


postado em 02/04/2020 07:13

No Reino Unido "não existe esta coisa de sociedade", afirmou Margaret Thatcher. Mas a pandemia de coronavírus despertou um movimento de solidariedade sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial que questiona a famosa frase da falecida primeira-ministra.

Em uma defesa contra o gasto público e a favor de um liberalismo político e econômico que desde então se tornou a marca registrada do Partido Conservador, a "dama de ferro" declarou em 1987 que "não existe esta coisa de sociedade, há indivíduos, homens e mulheres, e famílias".

Mas há poucos dias, o também conservador Boris Johnson rebateu a declaração de Thatcher com os apelos públicos de seu governo para que o país enfrente a pandemia que matou quase 2.500 pessoas no Reino Unido.

Em poucos dias, quase 750.000 britânicos se apresentaram como voluntários para ajudar os profissionais da saúde e os idosos.

Além disso, mais de 20.000 médicos, enfermeiras e outros profissionais da área da saúde aposentados voltaram ao trabalho.

E de uma maneira menos formal, a solidariedade começa a aparecer entre vizinhos confinados em todo o país.

As aeromoças e os comissários de bordo, a maioria deles privados de trabalho devido ao cancelamento dos voos, aproveitam a oportunidade para ajudar os funcionários dos hospitais de campanha que foram criados às pressas para enfrentar o que foi classificado de "tsunami" de pacientes.

Deixando de lado suas atividades habituais, empresas se mobilizaram para produzir em larga escala respiradores, máscaras e álcool gel.

- Política de solidariedade -

"Uma coisa que eu acho que a crise do coronavírus já provou é que realmente existe esta coisa de sociedade", disse Johnson, apresentou resultado positivo para a Covid-19 na semana passada.

Em um vídeo publicado no Twitter no domingo, o primeiro-ministro explicou que o vírus seria derrotado por um esforço coletivo e concluiu: "Vamos fazer isto juntos".

A crise do coronavírus deu ao primeiro-ministro "a oportunidade de remodelar e reformular firmemente a atitude dos conservadores sobre o conceito de 'sociedade' e de libertr seu partido dos aspectos mais negativos do legado thatcheriano", considera Ben Williams, cientista político da Universidade de Salford.

Mas as declarações de Johnson não foram o primeiro golpe no legado de Thatcher.

O governo de 'BoJo' apresentou no mês passado um orçamento que prevê um importante aumento dos gastos públicos para atender as expectativas dos eleitores dos antigos redutos operários do norte da Inglaterra, que o apoiaram em peso nas legislativas de dezembro, e para respaldar a economia ante o novo coronavírus.

Desde então, o ministro das Finanças, Rishi Sunak, ampliou os anúncios à medida que a situação piorava, com determinações que não se ajustam aos princípios da economia de mercado: adiamentos de impostos, subsídios de aluguel e o Estado assumindo 80% dos salários das empresas que enfrentam dificuldades.

Estas decisões representam uma mudança radical por parte de Johnson, que há poucos meses atacava e ridicularizava a agenda esquerdista da oposição trabalhista.

Richard Vinen, professor de História no King's College de Londres, relativiza a ruptura com o período thatcheriano. Ele reconhece que o governo atual está "se distanciando", mas também recorda que a "dama de ferro" não hesitou em recorrer ao Estado quando necessário, por exemplo durante a Guerra das Malvinas em 1982.


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