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Estado de Minas

Morre Manolis Glezos, herói da resistência grega


postado em 30/03/2020 11:55

O herói da resistência grega contra os nazistas Manolis Glezos, que faleceu nesta segunda-feira (30) aos 97 anos de idade em decorrência de uma infecção e gastroenterite, foi descrito como "o primeiro resistente da Europa" pelo general francês Charles de Gaulle, por ousar, em 1941, derrubar a bandeira nazista da Acrópole.

"Os alemães acabavam de reduzir a última fortaleza aliada em Creta" e "Hitler dizia que 'a Europa estava livre'. Queríamos mostrar a ele que, precisamente, a luta apenas começava", declarou Manolis Glezos em entrevista à AFP em junho de 2011.

Na noite de 30 para 31 de maio de 1941, aos 18 anos, Glezos retirou, juntamente com seu amigo Apostolos Santas, de 19 anos, a bandeira nazista do monumento ateniense.

"Um policial grego verificou nossos documentos por violar o toque de recolher quando estávamos saindo da Acrópole, mas nunca falou nada", contou ele na entrevista.

Acusados de rebeldia e condenados à pena de morte pelos nazistas, ambos foram presos por acaso em março de 1942 e soltos um mês depois. Não foram reconhecidos pelos nazistas como os autores do episódio da Acrópole.

Apostolos Santas faleceu em abril de 2011.

Essa ação heroica superou as fronteiras gregas, mas Glezos, que não deixou de militar na esquerda, sempre manteve um perfil discreto, destacando a ação coletiva "dos combatentes" da resistência.

- Condenado, exilado, deputado -

Nascido em 1922 na ilha de Naxos, no Mar Egeu, aos 12 anos, Glezos se estabeleceu com sua família em Atenas, envolvendo-se desde muito novo na juventude antifascista.

Foi preso várias vezes durante a ocupação nazista (1941-1944). Na última vez, em setembro de 1944, conseguiu escapar da prisão. Seu irmão mais novo, Nikos, havia sido executado pelos nazistas em maio do mesmo ano.

Membro do Partido Comunista Grego, o KKE, ilegal na Grécia nas décadas de 1950 e 1960, ele foi novamente condenado à morte duas vezes por sua militância comunista. Sua última sentença de morte foi comutada para prisão perpétua.

Cumpriu finalmente cerca de 12 anos de prisão.

Durante esse período, foi eleito deputado pela EDA (Esquerda Democrática).

Durante a ditadura dos coronéis (1967-1974), foi mantido detido e exilado por quatro anos nas ilhas-presídio do Mar Egeu.

Foi eleito deputado e eurodeputado em 1984, durante a breve cooperação da EDA com o movimento socialista Pasok, nos anos 1980.

Dois anos depois, eleito presidente do Conselho Municipal de Apirathos, na cidade de Naxos, tentou estabelecer um modelo de democracia "direta".

- Clamar pela Grécia! -

Desde o início da crise em 2010, e apesar da idade, participou de violentos protestos contra a austeridade. Em fevereiro daquele ano, foi afetado na Praça Syntagma, em frente ao Parlamento em Atenas, por gás lacrimogêneo.

"É possível impor essas medidas com o golpe de gás lacrimogêneo?", questionou na época.

Como antinazista, também defendeu o reembolso, por parte da Alemanha, do empréstimo compulsório ao regime nazista, uma questão que permanece em aberto.

Essa posição não o impediu, no entanto, de socorrer em 2017 o embaixador alemão da época, vaiado durante uma cerimônia em homenagem às vítimas civis gregas de um massacre alemão.

"O filho de um criminoso, quaisquer que sejam os crimes de seu pai ou mãe, não é responsável", disse Glezos, depois de pegar o embaixador pela mão.

Em maio de 2012, foi eleito deputado nas listas da coalizão de esquerda radical Syriza e, dois anos depois, eurodeputado.

Quando o então primeiro-ministro Alexis Tsipras cedeu aos credores em julho de 2015, assinando um terceiro empréstimo internacional e concordando em seguir uma política de rigor, Glezos decidiu romper com o Syriza.

Ele então convocou todos os seus "velhos camaradas a clamarem, como no passado, pela Grécia, pela justiça e pela liberdade".


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