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Estado de Minas

Ativistas 'anti Jogos' do Japão não estão satisfeitos com adiamento


postado em 25/03/2020 15:13

Para a imensa maioria dos japoneses, adiar as Olimpíadas de Tóquio-2020 foi uma medida necessária, mas dolorosa. No entanto, no país há uma minoria que se opõe completamente à realização do evento em seu país, e lamentam que o cancelamento definitivo não tenha sido a opção escolhida.

"Lamentamos totalmente o adiamento. Os Jogos devem ser anulados", reagiu um grupo japonês de ativistas anti-Olimpíadas no Twitter na terça-feira, logo após o anúncio de que a competição seria adiada para 2021 devido à nova pandemia de coronavírus.

Apenas alguns minutos após o anúncio do adiamento, alguns detratores dos Jogos de Tóquio se reuniram nas ruas da cidade, onde se manifestam mensalmente contra o evento.

"O que mais me incomoda é o mercantilismo que existe em torno do evento", explica Toshio Miyazaki, de 59 anos, à AFP, cercado por outros manifestantes com faixas que expressam sua posição sem rodeios: "Somos contra as Olimpíadas de Tóquio".

Embora ele seja um funcionário do governo metropolitano da capital, um dos principais organizadores dos Jogos, Miyazaki não hesita em se manifestar em alto e bom som contra o evento olímpico em sua cidade.

- Muito minoritário -

"O coronavírus obriga (os organizadores) a adiar os Jogos, mas acho que os japoneses deveriam se perguntar se é realmente necessário sediar os Jogos Olímpicos", insiste.

De qualquer forma, é uma opinião muito minoritária no país. Segundo as pesquisas, apenas um em cada dez no Japão acredita que os Jogos Olímpicos deveriam ser cancelados, apesar do fato de a pandemia de Covid-19 continuar a se espalhar pelo mundo.

Outro sinal da popularidade dos Jogos Olímpicos no Japão são os 4,5 milhões de ingressos vendidos no país por meio de um sistema de sorteio com muitos pedidos, forçando os organizadores a adicionar mais.

Os opositores de Tóquio-2020 apresentaram vários argumentos para justificar sua indignação, além do aspecto comercial do evento, citado por Toshio Miyazaki.

Kumiko Sudo participou da manifestação na terça devido ao caráter nacionalista que ele vê em torno da organização dos Jogos e do qual ele não gosta.

Quando Tóquio iniciou a luta para sediar os Jogos, as autoridades locais queriam "estimular o sentimento nacionalista", disse ele à AFP.

Ele também critica as medidas tomadas pela cidade em vista da proximidade dos Jogos, como o desmantelamento de acampamentos para pessoas sem-teto.

Para o Japão, os Jogos 2020 deveriam ser um símbolo de sua reconstrução e uma oportunidade de mostrar ao mundo sua recuperação após o terremoto, o tsunami devastador e o desastre nuclear de Fukushima em março de 2011.

Mas nessa região da tragédia, algumas vozes também se levantaram para denunciar que o dinheiro público gasto na organização da competição deveria ter sido melhor usado para apoiar as vítimas do que aconteceu nove anos atrás.

- "Discurso falacioso" -

"Tóquio obteve o direito de sediar os Jogos usando a carta de reconstrução, mas é um discurso falacioso", insiste Hiroki Ogasawara, professor de Sociologia da Universidade de Kobe e co-autor de um livro crítico sobre os Jogos de Tóquio.

"Receber os Jogos não ajudará a reconstruir a área devastada, mas estamos tentando fazer as pessoas" acreditarem que será assim", acrescenta.

A região de Tohoku, no nordeste do Japão, a mais afetada pela catástrofe, deveria ter saudado o início da turnê da chama olímpica no país na quinta-feira, mas o adiamento do evento também levou ao adiamento dessa viagem.

O ponto de partida da turnê era o J-Village, um grande complexo esportivo que, durante muito tempo, serviu de base operacional para milhares de trabalhadores na readequação da fábrica de Fukushima, localizada a cerca de vinte quilômetros.

O fogo olímpico continuará na região de Fukushima, até novo aviso.


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