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Estado de Minas

Emir de Kano, figura tradicional da Nigéria, é destronado pelas autoridades


postado em 09/03/2020 14:19

O emir de Kano, uma das mais importantes figuras do poder tradicional na Nigéria, muito influente em todo o norte muçulmano do país, foi "destronado" nesta segunda-feira pelo governador por insubordinação e desrespeito ao poder político e religioso.

"O conselho executivo do estado de Kano (norte) concordou por unanimidade em destronar o emir Muhammadu Sanusi II e removê-lo de suas funções", de acordo com um comunicado de imprensa assinado pelo porta-voz do governo do estado, Alhaji Usman Alhaji.

A sua destituição foi imediatamente efetivada. Membros das forças de segurança acompanhados de agentes do serviço de inteligência (DSS) o buscaram em seu palácio e o conduziram ao estado vizinho de Nasawara, "onde permanecerá exilado", segundo uma fonte do governo.

O governador do estado de Kano, Abdullahi Umar Ganduje, anunciou pouco depois a nomeação de Alhaji Aminu Ado Bayero para sucedê-lo.

Ganduje, membro do partido no poder, o Congresso dos Progressistas (APC), está em guerra contra Sanusi II, que ele considera apoiar a oposição política.

O emir foi destituído por "desrespeitar as instituições", inclusive por se recusar a participar de reuniões com o governador Abdullahi Umar Ganduje sem fornecer uma "justificativa legal", explica o comunicado.

Muhammadu Sanusi II, de 58 anos, é uma das maiores figuras tradicionais da Nigéria, e particularmente do norte muçulmano, onde compartilha o poder tradicional com o sultão de Sokoto.

O 57º emir de Kano desde o século X, Sanusi Lamido Sanusi, seu nome em estado civil, faz parte da nova geração de chefes tradicionais modernos e muito instruídos.

Ele foi governador do Banco Central, do qual foi destituído em 2014 após denunciar desfalques maciços sob o governo federal anterior.

Em fevereiro, o emir disse que "nenhum líder do norte da Nigéria poderia se considerar feliz".

"Ninguém pode ficar feliz quando 87% da pobreza do país se concentra no norte e enquanto milhões e milhões de crianças não vão à escola", declarou ele após a publicação de um relatório do Banco Mundial sobre a pobreza no norte deste país de 200 milhões de habitantes.

Ele também denunciou os abusos da poligamia, pedindo aos muçulmanos que não podem se dar ao luxo de ter famílias extensas ou enviar seus filhos à escola que renunciem ao casamento com até quatro mulheres.

O governo do estado de Kano acusou o emir de "destruir a imagem" do emirado, justificando a decisão histórica de destituí-los para "defender o prestígio, a religião, a cultura e a tradição", valores construídos "ao longo de um milênio".

Considerado próximo ao atual presidente Muhammadu Buhari, o emir nunca hesitou em denunciar as políticas econômicas do governo. Neste contexto, o governador de Kano, Ganduje, eleito em 2019, agora o acusa de apoiar a oposição.

Os líderes tradicionais perderam seu poder político sob a colonização britânica, mas sua influência é enorme na sociedade nigeriana. Muitos consideram os líderes mais importantes como verdadeiros semideuses.


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