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Estado de Minas

Milhares de mulheres vão às ruas do Chile no primeiro 8M após protestos


postado em 08/03/2020 19:13

Centenas de milhares de mulheres foram às ruas do centro de Santiago neste domingo (8) em uma manifestação multitudinária e colorida, na qual exigiram o fim da violência de gênero e lançaram palavras de ordem contra o governo de Sebastián Piñera, quatro meses depois dos protestos que sacudiram o país.

As mulheres se concentraram cedo nos arredores da Praça Itália para depois seguir rumo a região oeste da capital pela avenida Alameda (centro), que teve várias quadras totalmente ocupadas pelas manifestantes que se reuniram em um clima festivo, interrompido apenas por alguns enfrentamentos com a polícia.

Os confrontos se concentraram nas proximidades do palácio presidente de La Moneda, cercado pelos agentes da polícia. Manifestantes derrubaram cercas de segurança e tentaram avançar rumo ao Palácio, sendo repelidos pela polícia com jatos d'água e bombas de gás lacrimogêneo.

Esta é a primeira grande manifestação feminista desde que em 18 de outubro do ano passado eclodiram os protestos sociais no Chile, em manifestações sem precedentes contra o governo de direita de Piñera e a favor de profundas reformas sociais em um país que era considerado um dos mais estáveis da América Latina.

Em frente ao Palácio Presidencial foi estendida uma grande bandeira negra com o lema "Piñera, renuncie", enquanto durante toda a manifestação ouviram-se lemas contra o presidente e a ação da Polícia, deixando em segundo plano os tradicionais gritos feministas.

A polícia contabilizou as manifestantes inicialmente em 110 mil, depois revisou o número para 150 mil pessoas reunidas na capital chilena. Os organizadores estimaram em dois milhões os participantes só em Santiago.

Ao menos quatro quilômetros da Alameda ficaram repletas de manifestantes e muitas ruas vizinhas também estavam cheias de mulheres, segundo a AFP.

"É maravilhoso ver tantas mulheres hoje unidas (...) Adoro que as mulheres ponham seus ovários, se empoderem, caminhem e arrasem tudo", disse à AFP Elizabeth, que foi à passeata com outras mulheres para defender os direitos das mulheres indígenas.

A maioria das mulheres levava lenços verdes a favor do aborto legal ou violetas com o lema "NiUnaMenos" (Nenhuma a menos), em um país em que há apenas três anos promulgou uma lei que permite o abordo em três situações. Até este ano, o Chile era uma das poucas nações que não permitia a interrupção da gravidez sob nenhuma circunstância.

Ao longo do trajeto, a procissão parou várias vezes para a realização em conjunto da performance "Un violador en tu camino" (Um estuprador no teu caminho), popularizada pelo coletivo chileno "Las Tesis".

O hino feminista, que denuncia o "Estado opressor", deu a volta ao mundo com o verso: "a culpa não era minha, nem de onde estava, nem como me vestia".

Ao longo do dia, o presidente Piñera anunciou o envio ao Congresso de dois projetos de lei a favor das mulheres, um que estabelece o monitoramento remoto de homens denunciados por violência doméstica e outro que incorpora os devedores de pensões alimentícias ao boletim de informações comerciais. Atualmente, 84% dos pais processados não pagam a pensão.

No ano passado, a convocação superou 200 mil pessoas e se previa neste domingo uma convocação ainda maior em um ambiente de grande efervescência social em que surgiram os protestos.


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