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Estado de Minas

Biden, Sanders e as primárias democratas: entre a continuidade e a revolução


postado em 05/03/2020 10:19

Ambos são septuagenários, querem vencer Donald Trump e acumulam uma experiência parlamentar de décadas - e só. As semelhanças entre Joe Biden, líder dos democratas moderados, e Bernie Sanders, que defende uma "revolução" política nos Estados Unidos, param por aí.

Depois da "Superterça", com o ressurgimento do ex-vice-presidente de Barack Obama na corrida pela indicação democrata e diante da desistência de outros pré-candidatos, ambos se preparam para um cara a cara.

- Dois homens, dois estilos -

De sorriso brilhante e cabelo cuidadosamente penteado, Joe Biden é um político tradicional, emotivo e afeito ao contato físico.

Suas manifestações de afeto (abraços, apertos de mãos, ou mesmo beijo na cabeça, como aconteceu com uma ex-congressista) causaram polêmica, que ele tentou desfazer argumentando que sempre age de boa-fé e que pertence a um tempo em que as normas sociais eram diferentes.

O ex-senador de Delaware, de 77 anos, goza de um capital de carisma relativamente alto, devido - em grande parte - a não hesitar em demonstrar sua emoção e empatia. Mesmo suas inúmeras gafes ajudam a "humanizá-lo".

Sua vida privada foi marcada pela tragédia. Sua dor pela morte de sua esposa e da filha pequena em um acidente de automóvel, em 1972, e pelo falecimento de seu filho Beau por um câncer em 2015, é bem conhecida dos americanos.

Com seu rebelde cabelo branco, Bernie Sanders, de 78, tem um estilo mais austero e áspero.

Tem fama de ser mal-humorado e não muito sociável e, apesar de parecer descontraído nos atos políticos e de ser visto sempre muito perto de seus seguidores, durante seus discursos apaixonados pode dar a impressão de que está irritado.

Conhecido pela forma como agita os braços, ou aponta o dedo ao falar, o senador de Vermont é ferozmente independente. Ao contrário de seu rival, um pilar do establishment democrata, Sanders nunca fez parte do partido.

Seu ardor na defesa de ideias decididamente de esquerda deu um novo impulso aos democratas e despertou o entusiasmo entre seus partidários. Já seus críticos temem por seu "radicalismo", considerando-o tão polarizador quanto o presidente Donald Trump.

Os dois pré-candidatos democratas levantaram dúvidas sobre sua saúde. Bernie Sanders sofreu um infarto em outubro passado, e Joe Biden volta e meia tem problemas nessa área.

- O moderado e o socialista -

Com suas posições de centro, Biden se coloca do lado da continuidade. Para muitos americanos nostálgicos da era anterior a Trump, mais pacífica, o "tio Joe" é tranquilizador e encarna uma certa normalidade.

"As pessoas não querem uma revolução, querem resultados", insiste o ex-vice-presidente, referindo-se às medidas radicais propostas por Sanders.

"Não se pode vencer a Trump com as mesmas receitas de sempre", responde Sanders, que se define como socialista e diz querer revolucionar os Estados Unidos.

Para muitos americanos que viveram a Guerra Fria, porém, o termo "socialismo" continua sendo chocante.

- Voto negro e voto latino -

As diferenças entre os dois homens também são evidentes, quando se olha para sua base de apoio.

O êxito de Biden na "Superterça" se deve, em grande parte, à sua popularidade entre o eleitorado negro. Também é o preferido das mulheres, das pessoas mais velhas e daquelas com formação universitária.

Bernie Sanders contou, especialmente na Califórnia, com os hispânicos e também atraiu jovens e eleitores independentes.

O voto latino está longe de ser homogêneo, porém.

No caso de Sanders, seus elogios a certos aspectos da Revolução Cubana, assim como viagens feitas a países outrora comunistas - informações desencavadas por seus opositores - podem prejudicar Sanders, sobretudo na Flórida, um estado-chave que abriga uma grande comunidade de refugiados cubanos.

- Políticas -

"Bernie" acredita firmemente em uma revisão completa do sistema de saúde americano, o qual classifica como "cruel", e defende um seguro de saúde universal gratuito.

Também promete liquidar a dívida dos estudantes universitários, uma medida que é aplaudida por seus partidários, mas que ainda traz dúvidas sobre a forma de financiá-la.

Biden quer se apresentar como um político mais flexível e se orgulha de conseguir trabalhar com os republicanos. É criticado pelos seguidores de Sanders, que o condenam por ter sido excessivamente complacente com o governo atual.

Em relação à dívida dos estudantes, Biden não vai tão longe quanto seu rival e promete fortalecer meios para que os estudantes possam aliviá-la, ou cancelá-la.

Biden defende ferozmente a reforma de saúde aprovada no governo Obama.

"Joe vai ter que explicar" seu programa e seu passivo, atacou Sanders, na quarta-feira, em alusão ao apoio dado por seu adversário pelo ex-senador de Delaware à guerra no Iraque. À época, "Bernie", então um representante do Congresso, pronunciou-se contra.


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