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Estado de Minas

A agitada história das negociações entre EUA e talibãs no Afeganistão


postado em 29/02/2020 13:43

Entre aproximações frustradas, esperanças de cessar-fogo e influência regional, as negociações de paz com os talibãs foram uma séria de oportunidades fracassadas que manteve o país em quase duas décadas de conflito violento.

- As oportunidades fracassadas -

Os Estados Unidos já mantinham contatos com os talibãs antes da invasão do Afeganistão em 2001, o que precipitou a queda do regime talibã.

De acordo com documentos desclassificados, o governo Clinton estabeleceu contatos secretos com o Talibã, o que não impediu os ataques de 11 de Setembro de 2001 no território dos EUA perpetrados pela Al Qaeda do Afeganistão.

Desde a operação aliada, os talibãs concordaram em depor suas armas em troca de uma anistia. Mas os "falcões" da diplomacia americana, certos de sua vitória militar, recusaram a oferta.

"Cada pilar do regime talibã será destruído", ameaçaram os Estados Unidos em uma mensagem ao mulá Omar, fundador do movimento, em outubro de 2001.

Os insurgentes se mudaram para o vizinho Paquistão, de onde começaram uma violenta guerrilha, retornando gradualmente ao território afegão.

As perdas colossais para as forças de segurança afegãs, apesar do apoio dos EUA, forçaram Washington, após 18 anos de presença, a assinar um acordo sobre a retirada de suas tropas.

Tentativas de diálogo ocorreram em 2004 e depois em 2011. Em 2013, os talibãs abriran um escritório político no Catar para negociar com os Estados Unidos, mas as negociações foram interrompidas depois que se declararam embaixada não oficial de um governo no exílio, posição inaceitável para o governo afegão.

Uma reunião entre os talibãs e o governo afegão, organizada em julho de 2015 no Paquistão, cessou após a revelação da morte do mulá Omar ocorrida dois anos antes.

- Cessar-fogo -

Em 2015, o presidente afegão Ashraf Ghani propõe negociações de paz com os talibãs e o reconhecimento de seu movimento como partido político. Os talibãs ignoram a proposta.

Em 2018, Ghani faz a oferta novamente e anuncia um cessar-fogo unilateral com os insurgentes da Aid-el-Fitr, que comemora o fim do ramadã. Os talibãs anunciam três dias de cessar-fogo simultaneamente.

A luta então para, pela primeira vez desde 2001, e leva a cenas sem precedentes de confraternização entre talibãs e membros das forças de segurança.

As esperanças duram pouco, pois a violência se intensifica mais tarde.

- Negociações entre talibãs e americanos -

Em 2018, os Estados Unidos reconhecem que o conflito não tem "solução militar" e inicia negociações diretas com os talibãs em Doha.

Donald Trump, ansioso por acabar com as "guerras sem fim", nomeia Zalmay Khalilzad em setembro como enviado especial à paz.

De outubro até meados de 2019, o ex-embaixador dos EUA no Afeganistão mantém oito séries de negociações com representantes dos Talibãs em Doha.

No início de setembro, ambas as partes estão prestes a chegar a um acordo pelo qual, em troca de uma agenda de retirada das forças americanas, os talibãs se comprometem a impedir qualquer presença de grupos terroristas no território, a reduzir a violência e a iniciar um diálogo intra-afegão.

No entanto, na terça-feira, 7 de setembro, para surpresa geral, Trump encerra as negociações. Ele justifica a mudança repentina de posição pela morte de um soldado americano e outras 11 pessoas em um ataque dos talibãs em Cabul dois dias antes.

As autoridades afegãs, marginalizadas das negociações, saúdam seu colapso.

O presidente dos EUA dá novo ímpeto às negociações durante uma visita ao Afeganistão no final de novembro. Khalilzad se reúne com os talibãs no Catar.

Mas tudo é interrompido novamente depois de um ataque dos insurgentes em 11 de dezembro contra a base aérea de Bagram, perto de Cabul, controlada pelos americanos.

- "Redução da violência" -

Os Estados Unidos exigem que os talibãs se comprometam a "reduzir a violência" e os insurgentes aceitem essa condição em 18 de janeiro.

Esse período de diminuição nos combates, cujo objetivo do lado americano é demonstrar a disposição e a capacidade dos talibãs de controlar suas tropas no terreno, começa em 22 de fevereiro e é respeitado globalmente até o sábado 29, quando se assina o acordo histórico em Doha.

Sob esse acordo, os Estados Unidos se comprometem a retirar gradualmente seus quase 13.000 militares no Afeganistão, primeiro com 8.600 soldados e totalmente dentro de um período de 14 meses.

Como gesto de boa fé mútua, os talibãs concorda em libertar 1.000 prisioneiros das forças afegãs enquanto Cabul promete soltar 5.000 insurgentes.

As negociações intra-afegãs, entre os talibãs e representantes do governo, oposição e sociedade civil, começarão em 10 de março.


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