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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Doença sem fronteiras

Organização Mundial da Saúde eleva patamar de ameaça de uma pandemia do COVID-19, que continua a propagar pelo mundo e já começa a afetar seriamente a economia global


postado em 29/02/2020 04:00

Confirmação do primeiro caso no México levou muitas pessoas do país a usar máscaras ao sair às ruas, temerosas de ser infectadas (foto: Ulises Ruiz/AFP)
Confirmação do primeiro caso no México levou muitas pessoas do país a usar máscaras ao sair às ruas, temerosas de ser infectadas (foto: Ulises Ruiz/AFP)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou a um nível “muito alto” a ameaça do novo coronavírus, que chegou ao México e à África subsaariana ontem, enquanto o medo de uma pandemia causou o colapso das bolsas e levou a medidas draconianas. Dada a rápida disseminação – mais de 83.000 casos em mais de 50 países –, a OMS instou as nações nas quais o coronavírus ainda não foi detectado que se preparem e alertou: assumir que se está protegido contra o COVID-19 pode ser um erro fatal.
 
Depois do Brasil, um segundo país da América Latina detectou um caso ontem: um jovem do México, considerado pelas autoridades o paciente zero no país, embora não se saiba como ele poderia ter sido infectado.
 
Na Nigéria, um italiano que chegou de Milão em 25 de fevereiro foi hospitalizado após seu teste dar positivo. “Seu estado clínico é estável e não apresenta sintomas preocupantes”, informou o Ministério da Saúde da Nigéria.
 
Até agora, houve apenas dois casos na África, um no Egito e um na Argélia. O número baixo no continente intriga os epidemiologistas, mas muitos consideram que os frágeis sistemas de saúde dos países africanos não detectaram a epidemia.
 
Na China, onde o vírus apareceu em dezembro, o número de novas mortes e infecções continua a diminuir graças às medidas de quarentena impostas a mais de 50 milhões de pessoas. A parte continental do país (sem Hong Kong ou Macau) anunciou ontem outros 44 mortos e 327 novos casos de contágio, o menor saldo diário em mais de um mês. No total, registra 78.824 infectados e 2.788 mortos.
 
No entanto, outros países estão se tornando fontes de propagação da epidemia COVID-19, começando por Coreia do Sul, Irã e Itália. Fora da China, o coronavírus já infectou mais de 5 mil pessoas e causou mais de 80 mortes. A Coreia do Sul passou a ser o principal foco, registrando mais 571 casos – o que elevou o saldo para 2.337, incluindo 13 mortos. O Irã informou a morte de mais oito pessoas entre os 143 novos casos detectados nas últimas 24 horas, elevando seu saldo para 34 mortos e 388 infectados. É o maior número de vítmas fatais fora da China.

Medo na Europa “Estamos em um momento decisivo”, disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizando que nos últimos dois dias o número diário de infecções no mundo foi maior do que o registrado na China. “Nenhum país deve pensar que não terá casos. Isso seria um erro fatal, literalmente. O vírus não respeita fronteiras”, alertou.
 
Muitos países europeus estão se preparando para um aumento dos contágios e os ministros da Saúde da União Europeia se reunirão em 6 de março para avaliar a situação. A Itália, onde o coronavírus infectou 650 pessoas e causou 17 mortes, acabou se tornando o ponto central do COVID-19. Os primeiros casos registrados na América do Sul (Brasil) e na África Subsaariana (Nigéria) se manifestaram em pessoas que estiveram na península italiana.

Risco de recessão mundial


O mundo paralisa à medida que o novo coronavírus se propaga. Aviões que não decolam, escolas fechadas no Japão e eventos maciços suspensos na Suíça. A economia mundial enfrenta seu maior risco de recessão desde a crise global de 2008, iniciada em setembro com a quebra do Lehman Brothers. Nesse contexto de incerteza, os mercados financeiros da Ásia e da Europa entraram em colapso ontem, registrando perdas entre 3% e 5%, enquanto Wall Street teve queda de 3% na abertura.
 
As perdas sofridas pelas ações europeias desde sexta-feira da semana passada (cerca de 12% a 13%) são as mais significativas desde a crise de 2008-2009, quando a economia entrou em recessão. Os mercados financeiros mundiais viveram uma semana sombria, devido às consequências devastadoras para a setor causadas pelo coronavírus.
 
Em Nova York, o Dow Jones Industrial Average de Wall Street, fechou em queda de 1,4% ontem. Na semana, o recuo foi de 12,4%. Na Europa, Paris caiu 3,38%, Frankfurt 3,86%, Londres teve queda de 3,39%; Madri caiu 2,92% e Milão, 3,58%. Anteriormente, as bolsas de Xangai, Sidney e Tóquio também perderam mais 3%, e Jacarta mais de 4%.
 
No Brasil, o Ibovespa fechou no azul – subiu 1,15%, a 104.171,57 pontos, após ter chegado a perder o patamar dos 100 mil pontos pela primeira vez desde outubro de 2019 –, apoiado principalmente em ações de bancos. Já o dólar avançou pela oitava sessão consecutiva, renovando o patamar recorde de fechamento nominal (sem considerar a inflação). A moeda norte-americana subiu 0,13%, vendida a R$ 4,481.
 
No mundo todo, à medida em que o vírus se espalha, a atividade econômica perde fôlego, com a paralisação de fábricas, a suspensão de voos, os shopping centers desertos ou o cancelamento de feiras internacionais.
 
No Japão, o complexo de parques temáticos Tokyo DisneyLand e Tokyo DisneySea anunciou que ficará fechado até 15 de março. Em Genebra, o Salão do Automóvel, importante evento do setor, programado para ocorrer entre 5 e 15 de março, foi cancelado.
 
A epidemia também afetou a turnê do grupo sul-coreano de K-pop BTS, que cancelou vários shows agendados para abril, deixando 200 mil fãs decepcionados.
 
A Arábia Saudita deixou de receber peregrinos em direção a Meca. E na Itália há partidas de futebol disputadas a portas fechadas. Inclusive os Jogos Olímpicos de Tóquio estão em risco.

Alerta do FMI “Com exceção parcial da peste negra na Europa no século 14, cada pandemia maior foi seguida de uma recessão” global, observou o professor Robert Dingwall, pesquisador da Universidade de Nottingham Trent, na Inglaterra. “Não vejo razão para que seja diferente desta vez”, acrescentou.
 
Muito antes da epidemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia advertido que a economia mundial estava claudicante e a recuperação seria “frágil”, passível de tropeçar ao menor risco. O novo coronavírus poderia ser, então, “o golpe” que faria a economia cair.
 
O FMI reduziu suas previsões de crescimento mundial para 2020, levando em conta o impacto sobre a China, a segunda maior economia do mundo. Mas isso foi antes da epidemia mundial.

Enquanto isso...Fed promete intervir nos EUA


Todos os olhares se voltam para os Estados Unidos, que ainda não foi atingido com força pelo vírus, embora as autoridades sanitárias esperem que isso ocorra em breve. “A reação poderia ser extrema”, avalia Gregory Daco, economista-chefe da Oxford Economics. “Teria um impacto muito negativo. A economia global cairia em recessão imediatamente”, completou. Em campanha para sua reeleição à presidência norte-americana, Donald Trump exige um corte nas taxas de juros no país, mas será o novo coronavírus que fará a diferença para o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano). Os mercados esperam dois cortes nas taxas neste ano e, até alguns dias atrás, a expectativa era na direção contrária, mas a extensão da epidemia pode mudar o contexto – Wall Street viveu sua pior semana desde a crise de 2008. Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell disse que o organismo está pronto para intervir se for necessário: “Os fundamentos da economia dos EUA são sólidos. No entanto, o coronavírus representa um risco crescente para a atividade econômica. Usaremos nossas ferramentas e agiremos adequadamente para sustentar a economia”. A próxima reunião do Comitê Monetário do Fed será em 17 e 18 de março.



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