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Estado de Minas

Rússia e Turquia tentam impedir escalada após mortes de soldados turcos


postado em 28/02/2020 20:01

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, manifestaram "preocupação", nesta sexta-feira (28), com a escalada brutal no noroeste da Síria, após a morte de mais de 30 soldados turcos em bombardeios do regime de Damasco.

Sinal da gravidade da situação, Erdogan e Putin conversaram por telefone pela manhã e de acordo com o Kremlin, os dois líderes expressaram sua "séria preocupação" com a situação em Idlib e decidiram estudar a "possibilidade de realizar uma cúpula em breve".

Depois de sofrer as maiores perdas em um único ataque desde o início de sua intervenção na Síria em 2016, Ancara pediu o apoio da comunidade internacional, brandindo a ameaça de um novo afluxo de migrantes para a Europa.

Erdogan e seu colega americano, Donald Trump, concordaram que é preciso evitar uma "tragédia humanitária" no norte da Síria após a morte dos soldados turcos.

"Os dois líderes acordaram medidas adicionais para evitar uma tragédia humanitária ainda maior na região de Idlib", palco de uma ofensiva de Damasco com o apoio da Rússia para expulsar os rebeldes apoiados pela Turquia e os jihadistas.

"Os dois líderes concordaram em que o regime sírio, a Rússia e os iranianos devem deter sua ofensiva antes de que mais civis inocentes sejam assassinados e deslocados", explicou a Casa Branca.

Na quinta-feira, pelo menos 33 soldados morreram em ataques aéreos atribuídos por Ancara ao regime sírio, na região de Idlib. A Turquia respondeu, matando pelo menos 16 combatentes sírios, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Na noite desta sexta-feira, o ministério da Defesa turco informou a morte de mais um soldado, acrescentando que a Turquia "segue atacando objetivos do regime" de Damasco.

A situação humanitária é crítica em Idlib, onde centenas de civis foram mortos, e quase um milhão de pessoas, deslocadas nos últimos meses, pela ofensiva conduzida desde dezembro passado pelo regime de Damasco.

Diante dessa situação volátil, as Nações Unidas pediram um cessar-fogo imediato, e a União Europeia expressou preocupação com o "risco de um grande confronto militar internacional" na Síria.

- Ameaça migratória -

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), da qual Ancara é membro, realizou nesta sexta uma reunião de emergência a pedido da Turquia, nos termos do artigo 4 do tratado. Este dispositivo pode ser invocado por um aliado que considerar sob ameaça sua integridade territorial, independência política, ou segurança.

Em Ancara, a Presidência turca também convocou a comunidade internacional a estabelecer uma zona de exclusão aérea em Idlib para conter os aviões do governo sírio e de Moscou que bombardeiam a região há vários meses.

Em uma aparente tentativa de pressionar a União Europeia, Ancara anunciou que não iria mais deter os migrantes que tentam viajar para a Europa, passando pela Turquia. A declaração traz à tona o espectro da grave crise migratória que abalou o continente europeu em 2015.

Em Istambul, ônibus foram disponibilizados para os migrantes que desejam ir para a fronteira grega, segundo a imprensa turca.

Imagens captadas por drones mostram dezenas de migrantes atravessando campos com sacos nas costas, ou na cabeça, e outras pessoas atravessando uma floresta em direção à fronteira grega.

Um vídeo publicado pela agência de notícias DHA mostrava um barco inflável cheio de migrantes, partindo da costa oeste da Turquia com destino à ilha grega de Lesbos, no Mar Egeu.

- O dobro de patrulhas -

Para lidar com esta situação, Atenas anunciou o dobro de patrulhas na fronteira turca. E a UE exortou Ancara a respeitar seus compromissos de combater as travessias ilegais.

A Turquia abriga cerca de quatro milhões de migrantes e refugiados, principalmente sírios. O governo turco teme um novo influxo de Idlib, onde mais de 900.000 pessoas estão refugiadas perto da fronteira há três meses, segundo a ONU.

Os confrontos entre as forças turcas e sírias comprometem a estreita cooperação desenvolvida nos últimos anos entre Ancara e Moscou em várias áreas, como Síria, defesa e energia.

Nesta sexta-feira, o Ministério russo da Defesa disse que os soldados turcos mortos na quinta-feira foram atingidos, porque estavam entre "unidades combatentes de grupos terroristas". A versão é negada por Ancara de forma categórica.

Já o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, apresentou suas "condolências" e afirmou que Moscou está fazendo "tudo para garantir a segurança dos soldados turcos" posicionados na Síria.

O Ministério turco das Relações Exteriores disse que novas discussões entre autoridades turcas e russas sobre Idlib ocorrerão em Ancara hoje a partir das 10h.

Erdogan, que não fala publicamente desde o ataque às forças turcas, convocou um extraordinário conselho de segurança.

Esta manhã, a imprensa turca expressava sua indignação, com alguns jornais próximos ao governo pedindo "vingança".

Nas redes sociais, aumentam os pedidos pelo fechamento dos estreitos turcos aos navios russos que vão para a Síria pelo Mar Negro. Duas fragatas atravessaram o Bósforo e os Dardanelos pela manhã.

No terreno, o regime sírio e seu aliado russo reconquistaram várias localidades em Idlib nas últimas semanas, mesmo que grupos rebeldes apoiados por Ancara tenham retomado a cidade estratégica de Saraqeb na quinta-feira.

Deflagrada em março de 2011 pela repressão de manifestações pacíficas, a guerra na Síria matou mais de 380 mil pessoas.


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