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Estado de Minas

Em Meca, peregrinos se protegem do coronavírus e oram a Deus


postado em 28/02/2020 19:19

Na peregrinação a Meca, Nadia Bitam diz não temer o coronavírus mas, como os demais fiéis que chegaram à cidade sagrada pouco antes da suspensão dos vistos pelas autoridades sauditas, adota medidas de precaução.

"Estamos nas mãos de Deus", diz Nadia, de 50 anos, que se considera "sortuda" por ter chegado da Argélia cinco dias antes de Riade decidir suspender a concessão de vistos para a "Umra", a peregrinação que atrai várias dezenas de milhares de muçulmanos todos os meses.

Está a poucos metros do santuário mais sagrado do Islã, a Caaba, uma estrutura cúbica envolta em uma tela preta bordada com ouro e na direção da qual os muçulmanos de todo o mundo se voltam para orar.

"Não tenho medo (...) tomamos precauções", afirma Nadia, apontando para as máscaras brancas que cobrem a parte inferior do seu rosto e o de sua irmã.

A Arábia Saudita, ainda não afetada pela epidemia do COVID-19, suspendeu na quinta-feira "temporariamente" a entrada de peregrinos na cidade santa, uma medida sem precedentes para impedir a chegada do novo coronavírus que se espalha pelo Golfo, sobretudo no Irã, que registra o maior número de mortos após a China.

Além disso, na sexta à noite, o governo saudita anunciou a proibição temporária de acesso à Meca e Medina aos cidadãos dos países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), isso é, Bahrein, Catar e Kuwait.

Os pisos da Grande Mesquita Sagrada são lavados quatro vezes por dia, cerca de 13.500 tapetes de oração foram removidos e outros foram desinfetados, segundo as autoridades. Todos os anos, Meca recebe milhões de fiéis para a Umra.

Entre eles, Hosam Eldin Ali, um turco de 21 anos que estuda direito islâmico - sharia - na Universidade de Al Azhar, no Cairo.

"Como ter medo na casa de Deus? Mesmo se eu for infectado, morreria como mártir aqui", disse ele.

- "Perdas importantes" -

Robina Mahmud, guia de cem peregrinos que chegaram da Holanda, diz que sempre garante que todos usem máscara, bebam água e lavem as mãos regularmente.

"Isso certamente nos protegerá, mas o resto está nas mãos de Deus", diz a jovem que, debaixo dos óculos, também usa máscara.

Com centenas de milhares de fiéis em peregrinação, as máscaras se esgotaram nas farmácias perto da Grande Mesquita.

"A demanda nos últimos dois dias é sem precedentes. Vendi 200 caixas em três dias, nosso estoque para todo o mês", disse um farmacêutico sírio.

Por outro lado, os negócios não são bons para os hoteleiros. "Grupos inteiros (de peregrinos) cancelaram suas reservas devido à suspensão dos vistos", lamenta Mahfouz, expatriado egípcio que aluga quartos em vários hotéis da cidade sagrada.

"As perdas são importantes. Pelo menos 20 quartos são cancelados diariamente. Infelizmente, isso acontece na alta temporada da Umra", confirmou um funcionário de um hotel perto da Caaba.

As autoridades sauditas, apoiadas pelas instituições muçulmanas mais importantes, como a Universidade de Azhar, argumentam que sua decisão é justificada.

"Todo mês, temos centenas de milhares de peregrinos de todo o mundo. Se (o vírus) chegar aqui e se espalhar, será uma epidemia mundial", disse uma autoridade saudita que pediu anonimato.

Para o reino, que tem uma observação muito estrita do Islã, "a segurança das pessoas é mais importante que a prática da Umra", assegurou.

Em 2003, a Arábia Saudita suspendeu a concessão de vistos para a Umra, mas apenas para alguns países da Ásia, devido à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que deixou 774 mortos no mundo.

Riade também suspendeu a concessão de vistos a cidadãos de sete países, incluindo os mais afetados pelo vírus, como China, Itália e Coreia do Sul.

As autoridades sauditas ainda não se pronunciaram sobre possíveis medidas na organização do Hajj, a grande peregrinação a Meca a ser realizada este ano entre o final de julho e o início de agosto. Em 2019, reuniu cerca de 2,5 milhões de fiéis.


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