Os casos de coronavírus praticamente dobraram nesta sexta-feira (21) na Coreia do Sul, elevando o balanço para mais de 200, a maioria deles relacionada a uma seita cristã em uma metrópole no sul do país.
Excluindo o foco de infecção no cruzeiro "Diamond Princess", no Japão, a Coreia do Sul é o país com o maior número de casos, depois da China.
As autoridades sul-coreanas confirmaram nesta sexta um total de 100 novas infecções, das quais 85 estão ligadas à "Igreja de Jesus Shincheonji". A sede da instituição está localizada na cidade de Daegu, a quarta maior da Coreia do Sul, com mais de 2,5 milhões de habitantes.
O saldo de infectados agora é de 204 no país.
No total, mais de 120 fiéis desta igreja estão agora infectados. Uma mulher de 61 anos, membro da seita cristã e que não sabia que havia contraído a pneumonia viral, transmitiu o vírus participando de cultos religiosos.
O prefeito da cidade pediu à população que permaneça em casa.
Já o comando da guarnição do Exército americano na cidade, onde cerca de 10.000 soldados, civis e familiares vivem e trabalham, restringiu o acesso ao local.
Nesta sexta-feira, os habitantes da cidade usavam máscara.
- Segunda Wuhan? -
Do lado de fora da Igreja de Shincheonji, Seo Dong-min, 24 anos, disse à AFP que está preocupado.
"Com tantos casos confirmados aqui, receio que Daegu se torne uma segunda Wuhan", afirmou, referindo-se à cidade do centro da China onde a epidemia se originou.
A Igreja de Shincheonji é uma seita que afirma que seu fundador, Lee Man-hee, colocou o manto de Cristo e levará 144.000 pessoas ao céu no Dia do Juízo Final.
O município de Daegu estima que 1.001 fiéis dessa seita podem ter participado dos cultos religiosos, nos quais a sexagenária esteve.
O Centro coreano de Controle e Prevenção de Doenças relatou outro caso confirmado em um hospital em Cheongdo, perto de Daegu. Com isso, chega a 16 o número de pessoas infectadas nesta unidade, incluindo pacientes e equipe médica.
Um paciente morreu na quarta-feira (19), em decorrência do novo coronavírus.
Foi aberta uma investigação para determinar se a integrante da Igreja de Shincheonji tinha um vínculo com o foco da infecção, que é o hospital. Em fevereiro, ela esteve na província de Cheongdo.
O governo sul-coreano anunciou que as cidades de Daegu e Cheongdo são consideradas "zonas de gestão especial".
O primeiro-ministro, Chung Sye-kyun, anunciou o envio de pessoal médico, leitos e material para a região afetada.
O Executivo se reunirá três vezes por semana para avaliar a epidemia.
A Igreja Shincheonji fechou todas as suas estruturas na Coreia do Sul e, em um comunicado, lamentou "que um de seus membros, que considerava estar resfriado por não ter viajado para o exterior, tenha infectado muitas das nossas igrejas, causando preocupação na comunidade local".
Já na Coreia de Norte, a maratona de Pyongyang foi anulada por causa da epidemia do novo coronavírus, anunciaram agências turísticas chinesas nesta sexta-feira.
Todos os anos, a maratona atraia um grande número de visitantes.
Patrocinadora oficial do evento, a agência Koryo Tours informou em sua página on-line que "recebeu a confirmação oficial de que a maratona de Pyongyang 2020 foi anulada", devido ao "atual fechamento da fronteira norte-coreana e à epidemia de COVID-19".
A agência Young Pioneer Tours, especializada em viagens de baixo custo para a Coreia do Sul, também confirmou a notícia em seu site institucional.
Com o objetivo de se proteger da epidemia, o governo da Coreia do Norte fechou suas fronteiras com a China.