Dois soldados turcos morreram nesta quinta-feira e outros cinco ficaram feridos em um ataque aéreo na província de Idlib, noroeste da Síria. O incidente ocorre em um momento em que a Rússia levanta o tom contra o governo turco acusando-o de "apoiar terroristas".
"Dois de nossos irmãos de armas caíram como mártires e cinco ficaram feridos em um ataque aéreo na região de Idlib", declarou o ministério da Defesa turco em comunicado, acrescentando que a Turquia respondeu com bombardeios.
O ministério turco não especificou quem realizou o ataque, mas o diretor de Comunicações da presidência turca, Fahrettin Altun, acusou imediatamente o regime de Bashar al-Assad de ser o autor.
"O sangue de nossos mártires não ficará sem vingança", declarou no Twitter.
Esse incidente pode prejudicar ainda mais as relações na região de Idlib entre as forças turcas e as do regime de Damasco, apoiadas por Moscou.
Apesar de seus interesses opostos na Síria, Turquia e Rússia cooperam há vários anos para encontrar uma solução para o conflito neste país que, desde 2011, deixou pelo menos 380.000 mortos.
No entanto, nos últimos dias, a Rússia e a Turquia aumentaram o tom entre si.
Nesta quinta-feira, o Ministério da Defesa russo instou a Turquia a parar de apoiar "grupos terroristas" na região de Idlib.
Denunciando ataques de posições turcas que feriram quatro soldados sírios, o exército russo pediu em seu comunicado ao "lado turco que pare de apoiar ações de grupos terroristas e de fornecer armas".
De acordo com este texto, as "formações terroristas realizaram vários ataques maciços" contra posições sírias nas regiões de Al Nayrab e Qaminas, ao sul de Idlib.
Horas mais tarde, a Turquia afirmou que não busca um confronto com a Rússia na Síria.
"Não temos a intenção de enfrentar a Rússia", afirmou o ministro da Defesa Hulusi Akar à filial turca da CNN, acrescentando que os diálogos sobre a Síria com autoridades russas vão continuar.
A situação humanitária em Idlib é grave desde o lançamento, em dezembro, de uma ofensiva do regime, que busca controlar o último reduto rebelde dominado pelos jihadistas.
Nesta quinta, durante uma conferência telefônica com o líder russo, Vladimir Putin, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron expressaram preocupação sobre "a situação humanitária catastrófica" na província de Idlib, segundo informações do governo alemão.
Merkel e Macron "expressaram sua vontade de ruenir-se com os presidentes Putin e Erdogan para chegar a uma solução política para a crise", ressaltou o comunicado alemão.
Segundo as Nações Unidas, desde dezembro cerca de 900 mil pessoas, em sua maioria mulheres e crianças, fugiram da violência no noroeste da Síria. Desse total, aproximadamente 170 mil dormem ao ar livre, apesar das duras condições do período de inverno.