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Estado de Minas

China expulsará três repórteres do WSJ por manchete considerada "racista"

Pequim não gostou do título "China é o verdadeiro homem doente da Ásia", publicado em 3 de fevereiro, uma frase derivada de uma expressão considerada ofensiva e racista


postado em 19/02/2020 11:25 / atualizado em 19/02/2020 11:43


O governo da China vai expulsar três jornalistas do americano Wall Street Journal (WSJ) em represália a uma manchete, considerada "racista", de um editorial sobre o novo coronavírus.

Pequim não gostou do título "China é o verdadeiro homem doente da Ásia", publicado em 3 de fevereiro, uma frase derivada de uma expressão considerada ofensiva e racista, que alguns ocidentais usavam para descrever o país asiático no século XIX.

O governo chinês anunciou nesta quarta-feira a retirada das credenciais - que também atuam como visto - dos jornalistas do WSJ. O trio terá de deixar o país em cinco dias, informou a publicação.
Uma das decisões mais contundentes contra a imprensa estrangeira nos últimos anos, a expulsão coincide com a decisão de Washington de impor novas regras à imprensa estatal chinesa nos Estados Unidos. Pequim considerou as medidas "inaceitáveis".

O WSJ informou que os profissionais afetados pela medida são o chefe adjunto dos correspondentes Josh Chin e a repórter Chao Deng, ambos de nacionalidade americana, e o repórter Philip Wen, australiano. A publicação tem uma dezena de correspondentes em Pequim e Xangai.

População usa máscaras protetoras em uma rua de Xangai, nesta quarta-feira (foto: NOEL CELIS/AFP)
População usa máscaras protetoras em uma rua de Xangai, nesta quarta-feira (foto: NOEL CELIS/AFP)


O porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Geng Shuang, disse que o título do artigo de opinião publicado pelo jornal americano era "racialmente discriminatório" e "sensacionalista". Também criticou que o jornal não tenha se desculpado oficialmente.

"Portanto, a China decidiu que, a partir de hoje, sejam retiradas as acreditações de imprensa de três repórteres do Wall Street Journal em Pequim", informou Geng, em uma entrevista coletiva.

Escrito pelo professor Walter Russell Mead, do Bard College, universidade americana de muito prestígio, o texto fazia um alerta sobre os riscos da epidemia de coronavírus para a economia chinesa e, em consequência, mundial.

Também criticou a suposta lentidão da resposta inicial do governo chinês para enfrentar o surto da COVID-19. O texto chama o governo da cidade de Wuhan, epicentro do vírus, de "hermético e egoísta" e considera ineficazes os esforços nacionais para conter o contágio.

Publicada em 3 de fevereiro, a coluna "difamou os esforços do governo chinês e do povo chinês para lutar contra a epidemia", disse Geng.

A epidemia do novo coronavírus deixou mais de 2.000 mortos e mais de 74.000 infectados e se propagou por mais de 20 países no mundo.

A polêmica coincide com as novas regras impostas pelos Estados Unidos aos veículos estatais de imprensa chineses, que serão tratados como missões diplomáticas para contra-atacar o que as autoridades americanas consideram propaganda de Pequim.

O governo chinês considerou as medidas "inaceitáveis".

"Os Estados Unidos sempre defenderam a liberdade de imprensa, mas interferem e dificultam o bom funcionamento da mídia chinesa nos Estados Unidos", declarou Geng Shuang.

"Nos reservamos o direito de uma resposta no âmbito da questão", completou.

Cinco meios de comunicação - a agência de notícias Xinhua, o canal de televisão de língua inglesa CGTN, a Rádio China Internacional, o Diário do Povo e o China Daily - precisam, a partir de agora, da aprovação do Departamento de Estado americano para comprar imóveis nos Estados Unidos.

Também terão de apresentar listas de todos os seus funcionários, incluindo cidadãos americanos, indicou o Departamento de Estado.

O Clube dos Correspondentes Estrangeiros na China condenou as expulsões, que considera "uma clara tentativa das autoridades de intimidar a imprensa estrangeira".

"A retirada simultânea das credenciais de três correspondentes é uma forma de represália sem precedentes", completou.

De acordo com o Clube, Pequim não expulsa correspondentes estrangeiros dessa maneira desde 1998. O governo geralmente se limitava a não renovar as credenciais que expiram uma vez por ano.

Nove jornalistas tiveram de deixar a China desde 2013.

O próprio WSJ teve problemas com o regime comunista em agosto, quando um de seus repórteres, Chun Han Wong, não conseguiu renovar sua credencial depois de um artigo assinado com o australiano Philip Wen sobre um primo do presidente Xi Jinping.


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