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Estado de Minas CORONAVÍRUS

Apagão ameaça da Apple à Disney

Com epidemia, grandes empresas na China enfrentam falta de mão de obra e restrições para transportar insumos e produzir


postado em 19/02/2020 04:00

Ações da Apple, que teve de fechar lojas em território chinês, caíram 3%, com revisão de metas pela companhia(foto: Nicolas Asfouri/AFP)
Ações da Apple, que teve de fechar lojas em território chinês, caíram 3%, com revisão de metas pela companhia (foto: Nicolas Asfouri/AFP)
A gigante da tecnologia da informação Apple não alcançará suas metas de vendas trimestrais devido à epidemia do novo coronavírus, sinal de que a desaceleração da produção e do consumo na China, onde o vírus já matou mais de 1.800 pessoas, afeta cada vez mais as grandes empresas. A crise da saúde pesa tanto na oferta quanto na demanda de produtos e serviços. No caso da Apple, seus smartphones são fabricados na China, o que dificulta o abastecimento no varejo. As vendas também caíram devido ao fechamento temporário de suas lojas no país asiático.
 
Nesse contexto, as ações da Apple sofreram queda de 3% ontem, na abertura de Wall Street, após o anúncio do declínio em suas previsões trimestrais devido ao impacto do novo coronavírus. A Apple anunciou na segunda-feira que não alcançaria sua previsão de faturamento no segundo trimestre (entre US$ 63 bi- lhões e US$ 67 bilhões de dólares) devido à epidemia. A companhia tem empresas subcontratadas na região de Wuhan, epicentro da epidemia, e também trabalhadores com outros fornecedores.
 
O grupo especializado em bebidas alcoólicas Pernod Ricard também revisou suas metas de resultados anuais na semana passada. A China, seu segundo mercado, é onde são feitas 10% de suas vendas globais. A indústria de luxo, por sua vez, está particularmente preocupada. Kering, dona de marcas como Yves Saint Laurent e Gucci, entre outras, também registrou declínio acentuado em suas vendas na China, e a grife de moda londrina Burberry alertou para um “impacto negativo importante”.
 
Vários fabricantes de automóveis foram, da mesma forma afetados pela crise em Wuhan. Nessa região estão instalados DongFeng, o segundo fabricante na China, vários subempreiteiros, bem como os grupos franceses Renault e PSA. A japonesa Toyota e a alemã Volkswagen tiveram que adiar o reinício da produção em suas fábricas de montagem.
 
A Tesla, construtora de veículos elétricos de ponta, anunciou durante a publicação de seus resultados no fim de janeiro que sua fábrica de Xangai permanecerá fechada por ordem do governo chinês. Isso vai provocar atrasos na produção de seu Model 3 e poderá afetar levemente os ganhos trimestrais.
 
Por seu lado, a gigante do entretenimento Disney estimou que seus parques de diversão em Xangai e Hong Kong poderiam perder um total de US$ 280 milhões se permanecerem fechados por dois meses. Em Bruxelas, o presidente do Eurogrupo, que reúne os 19 ministros da Economia da Zona do Euro, afirmou na segunda-feira que espera impacto “temporário” do novo coronavírus no crescimento europeu.
 
Segundo a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o coronavírus fez com que o crescimento mundial caísse entre 0,1 e 0,2 ponto. No entanto, ela enfatizou que ainda é muito difícil avaliar seu impacto na economia.

Braços cruzados Há trabalhadores subcontratados de braços cruzados, funcionários em quarentena, muitas restrições locais e estoques de máscaras insuficientes. As empresas ocidentais na China experimentam um “pesadelo logístico” para retomar sua atividade em um país atingido pelo coronavírus.
 
O feriado do Ano-Novo Lunar durou, de fato, até o último dia10, mas a economia chinesa ainda está parcialmente paralisada pelas medidas drásticas adotadas para conter a epidemia de pneumonia viral. Das 109 empresas americanas no Leste da China consultadas pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos em Xangai, dois terços retomaram a produção industrial, mas 78% não têm trabalhadores suficientes para operar suas linhas de produção normalmente.
 
“Os trabalhadores estão sujeitos a restrições de viagens e quarentena (...) A maioria das fábricas carece de mão de obra, mesmo depois de terem sido autorizadas a reabrir”, explica Ker Gibbs, presidente da câmara. Fora da província de Hubei, foco da epidemia e isolada do mundo desde 23 de janeiro, várias cidades impõem regras de confinamento que obrigam seus moradores a permanecer em suas casas e limitam severamente a circulação.
 
A maioria das pessoas infectadas com o novo coronavírus na China apresenta sintomas leves, enquanto entre as vítimas de morte muitas são idosas ou indivíduos com condições preexistentes mais expostos à doença, de acordo com estudo realizado por pesquisadores chineses, que aponta uma taxa de mortalidade de 2,3%.

Chineses serão vetados na Rússia


A Rússia anunciou ontem que proibirá a entrada de cidadãos chineses em seu território a partir de quinta-feira, nova medida drástica para tentar impedir a propagação da epidemia de coronavírus. “A entrada de cidadãos chineses nas fronteiras da Rússia está suspensa a partir de 20 de fevereiro para viagens de negócios, viagens privadas, estudos e turismo”, disse Tatiana Golikova, vice-primeira-ministra responsável pela Saúde, citada pelas agências russas.
 
A decisão foi tomada “devido ao agravamento da epidemia na China e ao fato de os cidadãos chineses continuarem a chegar ao território russo”, disse Golikova, que chefia o grupo de trabalho anticoronavírus russo. A presença de chineses no território russo é muito numerosa, sejam turistas, estudantes ou trabalhadores.
 
Os aeroportos russos são amplamente utilizados como um ponto de trânsito entre a China e a Europa. Moscou já ordenou o fechamento da fronteira de 4.250 quilômetros com seu vizinho, bem como a suspensão de ligações ferroviárias e restrições de voo.

Demissão O presidente russo, Vladimir Putin, demitiu ontem um de seus conselheiros mais emblemáticos, Vladislav Surkov, arquiteto do conceito de “poder vertical”, decisão que foi tomada há semanas. A demissão de Surkov, de 55 anos, foi anunciada por decreto publicado no site do Kremlin. Suas eventuais novas funções não foram reveladas.
 
Surkov já havia sido substituído no último dia 11 pelo vice-diretor da administração presidencial, Dmitry Kozak, de 61 anos, como principal negociador do conflito no Leste da Ucrânia. Para muitos opositores russos, Surkov é verdadeiro terror, pois organizou no início dos anos 2000 o estabelecimento de um sistema de poder com controle sobre a mídia, oposição dócil no Parlamento e repressão aos protestos públicos.

Balanço preocupante


A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou, ontem, para qualquer medida “desproporcional” em relação à epidemia do coronavírus, citando estudo que mostra que mais de 80% dos pacientes sofrem forma branda da doença. O número de contaminações na China superou, ontem, 72.300 casos. Em outras partes do mundo, quase 900 pessoas infectadas foram identificadas em três dezenas de países. Mas a OMS pede calma: fora da província central de Hubei, epicentro da epidemia, a doença “afeta uma proporção muito pequena da população”, com taxa de mortalidade em torno de 2%.



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