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Estado de Minas

TV sul-coreana usa realidade virtual para reunir mãe e filha morta


postado em 17/02/2020 19:25

Um comovente reencontro entre mãe e filha, através da realidade virtual, se tornou um verdadeiro sucesso on-line da televisão sul-coreana, que deu lugar a um intenso debate sobre voyeurismo e exploração.

O programa começou com a menina - falecida em 2016 de leucemia - saindo por trás de um monte de madeira em um parque, como se estivesse brincando de esconde-esconde.

"Mamãe, onde você esteve?", pergunta ela. "Tive muitas saudades. Você sentiu minha falta?".

Neste momento, Jang Ji-sung aparece chorando e correndo na direção da menina, profundamente emocionada.

"Senti saudades, Na-yeon", diz à menina de seis anos, gerada por computador, enquanto mexe as mãos para acariciar seus cabelos, mas tudo virtual.

É que na vida real, Jang estava de pé em um estúdio de paredes verdes, com um capacete de realidade virtual e luvas hápticas e as cinzas da filha penduradas no pescoço, dentro de um medalhão.

Em alguns momentos, a câmera focalizava o marido de Jang e seus filhos, que a observavam enxugando as lágrimas.

O vídeo, de nove minutos, produzido pela Munhwa Broadcasting Corporation (MBC), se chama "Te conheci" e foi visualizado mais de 13 milhões de vezes em uma semana no Youtube.

Muitos dos internautas expressaram seus pêsames a Jang e elogiaram a ideia.

"Minha mãe morreu repentinamente há dois anos e gostaria de poder vê-la de novo por realidade virtual", dizia um.

Mas o colunista Park Sang-hyun criticou a iniciativa, destacando que tirava partido da dor e do luto.

"É compreensível que uma mãe, aflita, queira ver sua filha morta. Aconteceria comigo também", disse à AFP. "O problema está no canal que se aproveitou de uma mãe vulnerável que perdeu sua filha para melhorar seu índice de audiência".

"Se tivesse assistido à mãe antes da gravação, me pergunto que tipo de psiquiatra teria aprovado isso", acrescentou.

- "Feliz aniversário" -

A concepção virtual de Na-yeon, entre a gravação e a programação, levou oito meses, mas os criadores do documentário insistiram em que, supostamente, o programa devia servir para "consolar a família" e não tanto para promover a realidade virtual.

A tecnologia trouxe uma "nova forma de manter nossos entes queridos na memória", disse aos jornalistas um dos produtores.

A própria Jang, que leva o nome da filha e sua data de nascimento tatuados no braço, disse esperar que o programa possa "consolar" outros que também perderam parentes próximos.

"Embora tenha sido muito rápido, fiquei muito feliz nesse momento", escreveu em seu blog, cujo acesso restringiu desde que o programa foi exibido.

Durante a exibição, as duas se sentaram em uma mesa para comemorar o aniversário que Na-yeon não pôde comemorar, cantando "Parabéns pra você" juntas.

Antes de soprar as velinhas, Na-yeon fez um desejo: "Quero que a minha mãe pare de chorar".


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