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Estado de Minas

Insatisfeitos, iranianos consideram boicotar eleições desta semana


postado em 17/02/2020 13:43

Muitos iranianos vão se abster das eleições legislativas desta sexta-feira (21) para demonstrar sua insatisfação com as autoridades, que não conseguiram aliviar as dificuldades econômicas do país, agravadas pelas sanções americanas.

"Hoje, no Irã, está difícil para todo o mundo, e estamos fartos. Queremos enviar uma mensagem às autoridades", afirma Pari, moradora de Teerã, de 62 anos, ao lado da filha Kiana, de 30, uma psicóloga que também vai se abster.

Quase dois anos após o anúncio de Washington da restauração das sanções econômicas, a esperança de que o acordo nuclear de 2015 negociado pelo governo do presidente Hassan Rohani melhore a situação evaporou, e o país mergulhou em recessão.

"Não há trabalho, ou futuro", diz Kiana, com os cabelos escuros escapando do véu, em um bairro comercial de classe alta no norte da capital.

Mesmo aqui as desigualdades são óbvias. Mulheres elegantes ao volante de seu 4x4 coexistem com vendedores ambulantes com suas mercadorias no chão.

Kiana critica as autoridades não apenas por sua incapacidade de relançar a economia do país e "manter as promessas", mas também pela "falta de honestidade". Ela lembra que as autoridades levaram três dias para reconhecer que um míssil iraniano abateu "por engano" um avião ucraniano no início de janeiro.

Reeleito em 2017, Rohani, um conservador moderado, prometeu mais liberdades sociais e individuais e prometeu aos iranianos que eles se beneficiariam de sua abordagem com o Ocidente.

- Insatisfação -

O povo de Teerã reclama do aperto provocado pela inflação e pela violenta recessão econômica que se seguiu à restauração das sanções dos EUA em 2018. Para Pari, o "governo deveria ter gerenciado melhor o impacto das sanções".

Mais ao sul da cidade, no bazar de Teerã, Amir Mohtasham, de 38, desempregado há dois anos, diz que não sabe quase nada sobre o programa dos candidatos, a maioria do campo conservador, ou ultraconservador.

"Se ninguém apresenta seus projetos, ou programa, por que votar?", questionou.

"Essas eleições são inúteis... Eu não confio nos conservadores, ou nos reformadores. Eles simplesmente se limitam a instalar as urnas e querem que as pessoas votem!", queixa-se.

A alguns metros de distância, Mohammad, um negociante de tapetes de 30 anos, parece mais bem situado economicamente, mas sua opinião é semelhante: "Votamos em Rohani com um sonho, mas ele não fez nada. Existem muitas mentiras. Se votar é legitimar, então ficará sem meu voto", afirmou.

Outros moradores, de círculos conservadores, ou religiosos, dizem estar dispostos a participar.

"Claro que irei votar, mas não sei em quem", admite Hassan Ghole, de 55 anos, outro vendedor do bazar.

"Nossos deputados fazem o que podem", reclamou, à espera de que os futuros eleitos trabalhem para "solucionar os problemas da juventude".

No bairro desfavorecido de Nazi Abad (sul), os jovens não hesitam em falar sobre sua sede de liberdade.

"Eu não aceito esse sistema e não vou votar", diz Kamran Baluchzadeh, acrescentando que, aos 20 anos, não para de se preocupar, porque não consegue pagar as contas, nem se casar.


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