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Estado de Minas

A luta de um médico contra o coronavírus em Hong Kong


postado em 14/02/2020 13:25

Após várias horas de plantões extenuantes com pacientes portadores do novo coronavírus, Alfred Wong, médico de Hong Kong, retorna ao seu quarto de hotel, sozinho, longe da esposa, grávida. Uma história de como a vida mudou para alguns por causa da epidemia do COVID-19.

Aos 38 anos, ele se ofereceu como voluntário para se juntar à equipe médica das pessoas afetadas pela nova pneumonia viral, que foram isoladas.

Para Wong, é uma maneira de evitar ser chamado para trabalhar mais tarde e não poder assistir ao nascimento de sua filha, previsto para dentro de dois meses. Por enquanto, para evitar qualquer risco de contágio, ou de contaminação, limita ao máximo os contatos com sua família.

"Tudo o que posso fazer agora é me proteger e ficar longe de todos, da minha família e dos meus amigos", explica à AFP.

Desde que ingressou nesta equipe médica no início de fevereiro, o dr. Wong dorme em um hotel perto do hospital e, para minimizar qualquer risco de contaminação, raspou a cabeça.

"O melhor presente que posso dar é, talvez, continuar sendo um marido vivo", observa Wong, coçando as mãos, irritadas pelas lavagens frequentes.

Wong planeja celebrar o Dia dos Namorados (o Valentine's Day) com sua esposa, mas no restaurante vão se sentar em mesas diferentes.

Como ele, centenas de médicos e enfermeiros de Hong Kong estão separados de suas famílias desde o surgimento do novo coronavírus, que deixou quase 1.400 mortos na China continental.

Em Hong Kong, território chinês semiautônomo, foram registrados 53 casos de contaminação e uma morte.

- Material limitado -

Embora esses números sejam muito baixos em comparação à China continental, o pessoal médico está sob grande pressão nos hospitais, já sobrecarregados nessa megalópole de mais de 7 milhões de habitantes.

Atualmente, nos hospitais públicos de Hong Kong, 60% das salas de isolamento estão ocupadas por pessoas portadoras do novo coronavírus, ou casos suspeitos.

"Precisamos visitar cada paciente duas vezes por dia e temos três reuniões diárias com nossa equipe para avaliar a situação de cada um", diz o médico, que fala em caráter pessoal.

A falta de material de proteção individual - máscaras, óculos, luvas - adiciona mais pressão ao já forte impacto psicológico.

As autoridades de Hong Kong reconheceram ter apenas um mês de reserva de máscaras para o pessoal médico e tentam importá-las, mas o contexto internacional já é de escassez.

As associações de médicos se preocupam, afirmando que, na taxa atual, essas reservas podem se esgotar antes do esperado. Essa falta de previsão do Executivo de Hong Kong é altamente criticada.

Milhares de médicos entraram em greve no início de fevereiro para obter o fechamento total da fronteira com o restante da China.

Agora, quase todos os pontos de trânsito foram fechados, e qualquer viajante vindo da China continental deve ficar isolado por duas semanas.

Wong alega não ter se juntado a esse movimento, que, no entanto, apoiou. Ele lamenta que o governo não tenha se preparado melhor para esse tipo de epidemia, pois, segundo ele, "a história se repete".

Em 2003, 299 pessoas morreram em Hong Kong vítimas da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), causada por outro coronavírus.

Oito funcionários de saúde morreram, incluindo um jovem médico do hospital onde o dr. Wong trabalha.

Wong, que era estudante de medicina na época, diz agora que não sabe se vai se arrepender de ser voluntário.

Mas, para ele, uma coisa é certa: "Alguém deve fazer o trabalho, e nós somos as pessoas treinadas para isso".


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