Um tribunal de Istambul absolveu a escritora turca Asli Erdogan, nesta sexta-feira (14), após um polêmico processo por "atividades terroristas" que causou preocupação na comunidade internacional.
O tribunal absolveu a escritora das acusações de "tentativa de atentar contra a integridade do Estado" e "pertencimento a um grupo terrorista" e ordenou o fim do processo por "propaganda terrorista".
Autora de vários livros traduzidos no exterior, Asli Erdogan estava sendo julgada por ter colaborado no jornal pró-curdo Ozgur Gundem, fechado por decreto em 2016.
As autoridades turcas acusavam-na de ter ajudado o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo armado que trava uma sangrenta guerrilha na Turquia e é classificado como "terrorista" por Ancara.
A escritora, de 52, mora na Alemanha. Ela não assistiu à audiência nesta sexta.
Em um texto lido por seu advogado no tribunal, Asli Erodgan considerou que acusá-la por "textos literários é uma coisa que a razão dificilmente poda aceitar no século XXI".
Destacou ainda que o caráter político de seus escritos para o jornal Ozgur Gundem "se limitava à denúncia" de violações dos "direitos humanos".
A detenção e a prisão de Asli Erdogan por mais de 130 dias em 2016 provocou uma onda de indignação internacional.
Para as ONGs, este processo era um sinal dos crescentes ataques à liberdade de expressão na Turquia, em particular depois da tentativa de golpe de Estado em 15 de julho de 2016.