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Estado de Minas

Ativistas anti-Morales pede que oposição una forças para enfrentá-lo


postado em 11/02/2020 16:07

Há meses eles tomaram as ruas para impedir que Evo Morales continuasse no poder. Hoje alguns continuam acampados em La Paz, mas sua raiva começa a se voltar para seu próprio grupo, a oposição, criticando a incapacidade de encontrar uma frente comum de combate ao ex-presidente.

"É uma vergonha total que existam pessoas e políticos cheios de poder que apenas pensam em seus próprios interesses", disse à AFP Pablo Alba, um ativista que integra um grupo que acampa há semanas fora da residência da embaixadora mexicana em La Paz.

Esses militantes fazem turnos de dia e à noite com o objetivo de impedir que ex-funcionários de Morales exilados nessa casa possam sair. Dormem em barracas ou improvisadas barracas de plástico, enquanto dividem a comida de uma mesma panela.

No começo eram muitos, mas "agora somos poucos", admite Alba, que acrescenta que sua vigília pretende pressionar a unidade de líderes políticos anti-Morales, que entrarão na disputa eleitoral de forma dividida nas eleições marcadas para o próximo 3 de maio.

- Decepção -

"(Estamos) decepcionados, totalmente decepcionados, desiludidos, desamparados", declara Alba, um advogado de 29 anos, ao explicar a impotência que sente pela falta de unidade política da oposição a Morales.

"Eles (os candidatos anti-Morales) não estão pensando na luta do povo, nos pedidos da população" por unidade, afirma o ativista, que teme uma possível vitória do Movimento ao Socialismo (MAS), favorito nas pesquisas, o que pode resultar na volta do ex-presidente.

Morales, aliado de Cuba e da Venezuela, governou por quase 14 anos e renunciou no último 10 de novembro em meio a protestos, motins policiais e da perda de apoio dos militares, depois que uma auditoria da OEA verificou irregularidades nas eleições de 20 de outubro, nas quais o político havia sido reeleito por mais cinco anos.

Passada a votação, os adversários de Morales combinaram uma espécie de frente comum que convocou as manifestações que culminaram na renúncia do ex-presidente e na anulação dos resultados.

Porém, agora esses mesmos líderes políticos participam das eleições de forma dividida, processo no qual Morales, que está exilado na Argentina, se candidatou para uma cadeira no Senado, já que está impossibilitado de concorrer à presidência.

Nos comícios de outubro, a oposição levou oito candidatos para enfrentar o então presidente. Hoje, há seis candidatos. Entre eles, há o ex-ministro de Economia de Morales, Luis Arce, e a presidente interina Jeanine Áñez.

- "Sistema fragmentado" -

"Estamos polarizados entre os que promovem e defendem o governo do MAS e os que acreditam na democracia", ressalta à AFP o cientista político Carlos Cordero, crítico do ex-presidente.

Reconhece que os eleitores anti-Morales querem em comum uma unidade para enfrentar o candidato do MAS, que possui 26% das intenções de voto.

Apesar de "haver um sistema político fragmentado", é possível que as urnas reflitam o "voto útil": uma concentração de votos em Mesa ou Áñez, no lugar de outros candidatos, como forma de impedir o triunfo do partido de Morales.

Segundo uma pesquisa recente, da empresa Mercados y Muestras, o candidato Mesa e Camacho aparecem empatados no segundo lugar, com 17%, depois de Arce. Na sequência estão Áñez, com 12%, o pastor evangélico Chi Hyun Chung, com 6%, e Quiroga, com 3%.

Pode-se perceber nas ruas de La Paz essas divisões políticas, embora a polarização continue sendo dividida entre partidários e adversários.

- "Melhorar a relação" -

Na cidade de El Alto, próxima a La Paz e povoada principalmente pelos aimarás, o ativista Saúl Paredes, de 33 anos, conta com orgulho que participou nas lutas que enfrentaram apoiadores de Morales.

Paredes afirma que está no momento de todos os setores políticos se unirem para "o progresso da Bolívia".

"Os candidatos deveriam deixar os seus interesses pessoais e tratar de melhorar as relações para unificar o país de maneira mais saudável", acrescenta.

As pesquisas antecipam a fragmentação que será refletida nas urnas no dia 3 de maio, o que fará com que haja um segundo turno, no dia 14 de junho.

O novo presidente deve assumir no final de junho ou princípios de julho, o que pode representar o final da crise iniciada em outubro.


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