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Estado de Minas

Annegret Kramp Karrenbauer, ou a aposta perdida da 'mini-Merkel'


postado em 10/02/2020 13:07

Mal-amada e contestada por suas tropas, Annegret Kramp-Karrenbauer, que desistiu nesta segunda-feira (10) de concorrer à Chancelaria, foi uma presidente de vida curta do partido conservador alemão, em uma atmosfera pesada do fim de reinado de Angela Merkel.

Apelidada de "mini-Merkel" por sua proximidade com a chanceler, Annegret, de 57 anos, conquistou por pouco a Presidência da União Democrática Cristã (CDU) em dezembro de 2018 em um congresso histórico onde sua mentora cedeu as rédeas do partido após quase 20 anos.

Em tese, o cargo abriria caminho para a Chancelaria ao final do quarto e último mandato de Merkel, em 2021. Desde o início, porém, "AKK", como é conhecida por suas iniciais na Alemanha, deu a impressão de não estar à altura do desafio.

O cataclismo político na Turíngia, onde a CDU e a extrema direita votaram pela primeira vez juntos para levar um candidato liberal à Presidência da região, foi o golpe de misericórdia.

Seu fracasso no processo de se impor sobre o líder regional dos conservadores, que recusou novas eleições, foi a expressão de "uma absoluta falta de autoridade", julgou o cientista político Albrecht von Lucke na rádio pública.

- Continuidade -

Sua escolha como nova presidente, há pouco mais de um ano, havia refletido um desejo de continuidade na política centrista de Angela Merkel, frente ao advogado Friedrich Merz, favorável a uma guinada clara à direita. Merz defende a necessidade de recuperar os eleitores conservadores que passaram a votar na extrema direita da Alternativa para a Alemanha (AfD).

Logo após sua eleição, AKK pediu a união de seu movimento em um cenário político cada vez mais fragmentado, onde os principais partidos tradicionais - CDU e os socialdemocratas - perderam eleitores para a AfD e os Verdes. Não conseguiu reconciliar suas tropas, pelo contrário.

O desejo de Angela Merkel de manter seu cargo de chanceler mesmo desistindo da liderança do partido certamente não facilitou a tarefa de sua protegida.

AKK pareceu, inclusive, censurá-la por isso, durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira.

"Separando a Chancelaria e a Presidência do partido, abandonamos uma prática estabelecida na CDU", alfinetou.

Essa separação e a questão ainda não resolvida do próximo candidato à Chancelaria "enfraquecem a CDU", ressaltou.

AKK também tem, no entanto, sua parte de responsabilidade: após duras derrotas eleitorais nas eleições europeias e, então, durante as eleições regionais de 2019, cometeu vários erros que apenas aumentaram a insatisfação.

Católica, mãe de três filhos, chocou a opinião pública ao atacar a liberdade de expressão na Onternet após um vídeo anti-CDU de um proeminente Youtuber. Uma piada sobre a comunidade transexual durante o carnaval também caiu mal.

Sua proposta de criar uma zona de segurança internacional no norte da Síria sem consultar seus colegas do governo, ou seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), terminou por desacreditá-la, desta vez internacionalmente.

Para "Der Spiegel", seus esforços permanentes para adquirir uma estatura nacional, tornando-se ministra da Defesa, um cargo que ela vai manter, revelaram a "coragem do desespero".

Annegret Kramp-Karrenbauer era pouco conhecida em nível nacional antes de chegar à chefia da CDU. Passou toda sua carreira na Sarre, uma pequena região da Alemanha na fronteira com a França, onde é muito popular.

Todos os anos, durante o carnaval, fantasiava-se de "Gretel, a faxineira", que, no dialeto da Sarre, protesta contra a política de Berlim. Este ano, desistiu dessa perfomance.


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