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Estado de Minas

Fechamento da fronteira de Hong Kong traz alívio para uns e tristeza para outros


postado em 09/02/2020 13:43

Com a propagação do novo coronavírus, o governo de Hong Kong decidiu fechar as fronteiras e, assim, evitar o influxo maciço de chineses do continente para o território semi-autônomo. A medida trouxe alívio para muitos habitantes, mas os comerciantes da fronteira receberam a notícia com pesar.

A chegada maciça de migrantes, turistas e comerciantes da China continental é um tópico que causa polêmica na megalópole há muito tempo e gera cada vez mais rejeição entre os habitantes, irritados com o regime autoritário de Pequim e o aumento constante do nível de vida. Esse sentimento é notado sobretudo nas cidades fronteiriças, onde um "comércio paralelo" floresceu.

Todos os dias, uma multidão de pessoas da China continental atravessa a fronteira para comprar todos os tipos de produtos isentos de impostos para revender mais tarde em suas cidades.

No entanto, essa atividade agravou os problemas de superpopulação da megalópole e fez com que os preços de aluguel das instalações comerciais disparassem.

Agora, porém, a epidemia de pneumonia viral, que forçou as autoridades de Hong Kong a fechar quase todos os postos de fronteira e impor uma quarentena de duas semanas a qualquer viajante da China continental, foi um duro golpe para esse comércio.

Estacionado ao lado de um dos postos de fronteira que foram fechados no início desta semana, um motorista de microônibus conta que esperava há três horas sem um único passageiro.

O septuagenário, de sobrenome Lai, afirma que está na profissão há quatro décadas e que nunca observou uma queda de atividade como essa, mesmo durante a epidemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que causou 299 mortes em Hong Kong em 2002-2003.

Em geral, Lai ganha cerca de 1.300 dólares de Hong Kong (150 euros) por dia, cobrindo a rota entre as cidades de Sheung Shui e Yuen Long, duas cidades fronteiriças localizadas a noroeste de Hong Kong, separadas por cerca de 20 quilômetros.

- "Menos preocupada" -

"Eu não usava máscara em 2003, mas agora uso quando dirijo", disse ele à AFP. "Transportamos pessoas que vêm de todos os lugares, afinal", justifica.

O influxo começou a cair no Ano Novo lunar, no final de janeiro, quando as notícias do surgimento do novo coronavírus se espalharam pelo centro da China.

Sheung Shui, a primeira cidade depois do posto de fronteira em Lo Wu, fechado, é o cenário habitual de confrontos entre manifestantes e polícia desde junho, durante protestos pró-democracia.

O movimento, nascido da rejeição de um projeto de lei sobre extradições para a China, se tornou uma revolta mais ampla contra a crescente influência de Pequim no território semi-autônomo. O problema do comércio paralelo também se tornou um dos assuntos de denúncia da população.

Shing, um farmacêutico, registrou uma queda de 30% no seu faturamento durante o Ano Novo Lunar e de 50% desde que as fronteiras foram fechadas.

Embora as manifestações tenham afetado seus negócios nos últimos meses, ele agora diz que entende a necessidade de reduzir a chegada de pessoas da China continental.

"Talvez o governo devesse ter feito isso antes", enfatiza, porque "quanto mais cedo a epidemia parar, mais cedo podemos retomar os negócios".

Alguns habitantes de Sheung Shui, por outro lado, apreciam a calma reinante desde que os limites de circulação foram implantados.

Candy Kwan explica que seus três filhos mais velhos não conseguiram encontrar máscaras, porque até os vendedores do comércio paralelo ficaram sem estoque.

"O que é mais importante que a vida humana?", pergunta, alegando se sentir "mais segura nas ruas e menos preocupada com o risco de contágio após o fechamento do posto de fronteira".

Outra vizinha de Sheung Shui, Chan, 70, critica o governo de Hong Kong por agir tarde demais.

"Se tivesse fechado a fronteira antes, não teríamos que competir com compradores da China continental que vieram comprar máscaras", reclama.


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