O chanceler russo, Serguéi Lavrov, condenou nesta sexta-feira (7) em Caracas as sanções econômicas dos Estados Unidos contra a Venezuela e as pressões do governo de Donald Trump para derrubar o presidente socialista Nicolás Maduro.
"Essas restrições são ilegais e constituem o principal motivo da recessão da economia venezuelana", disse Lavrov após se reunir com seu colega venezuelano, Jorge Arreaza, e com o vice-presidente Delcy Rodriguez no Ministério das Relações Exteriores.
A Rússia é um dos principais aliados de Maduro, sujeito a uma série de sanções de Washington que incluem um embargo de petróleo desde abril de 2019 e um bloqueio financeiro à economia devastada do país do Caribe.
Moscou também é o segundo credor da Venezuela, depois da China, com cerca de 7,5 bilhões de dólares, segundo estimativas da consultora local Ecoanalítica.
Para Lavrov, o objetivo das sanções é gerar uma "revolta" popular contra Maduro, que se apega ao poder com o apoio de um setor da população, militares, China e Cuba.
O bloqueio das transferências bancárias "afetou o tratamento do câncer. Nossa principal tarefa (...) é prestar atenção a esses problemas e nossa abordagem é que qualquer crise possa ser resolvida por meio de medidas políticas e diplomáticas, por meio do diálogo", acrescentou o diplomata russo, de acordo com a tradução de um intérprete.
A visita de Lavrov, que esteve anteriormente em Cuba e no México, acontece depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu o opositor venezuelano Juan Guaidó na Casa Branca.
Um dia antes Guaidó foi convidado para o discurso sobre o estado da União pronunciado por Trump no Congresso.
Na quinta-feira, o representante de Trump para Venezuela, Elliott Abrams, insinuou que os Estados Unidos tomaria medidas contra a Rússia pela relação cada vez mais próxima entre a petrolífera estatal russa Rosneft e Maduro.
"Consideramos inaceitáveis as sanções e tentativos do uso extraterritorial da legislação nacional", afirmou Lavrov, sem se referir especificamente a esta questão, ao participar em uma mesa de diálogo entre o governo e um setor minoritário da oposição.
O chanceler russo também rejeitou a pressão americana para derrubar Maduro.
"Considero que esse cenário é inaceitável. Vamos ser responsáveis, a comunidade internacional condenará. Vamos trabalhar sobre esse assunto no Conselho de Segurança" da ONU, afirmou Lavrov.